domingo, 1 de novembro de 2009

Ser independente é recusar

Caso estivesse vivo Jorge de Sena faria amanhã, dia 2, 90 anos (e não 80). É por isso que este domingo, no CCB, vai haver uma evocação da sua obra, da qual faz parte este poema:

Independência

Recuso-me a aceitar o que me derem.
Recuso-me às verdades acabadas;
recuso-me, também, às que tiverem
pousadas no sem-fim as sete espadas.

Recuso-me às espadas que não ferem
e às que ferem por não serem dadas.
Recuso-me aos eus-próprios que vierem
e às almas que já foram conquistadas.

Recuso-me a estar lúcido ou comprado
e a estar sozinho ou estar acompanhado.
Recuso-me a morrer. Recuso a vida.

Recuso-me à inocência e ao pecado
como a ser livre ou ser predestinado.
Recuso tudo, ó Terra dividida!

Jorge de Sena, in 'Coroa da Terra'

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