quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Amanhã

Queria tanto escrever aqui qualquer coisa sobre o ano que passou... mas o trabalho nestes últimos dias não me deixou. Talvez amanhã, talvez num novo ano.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Presentes sem esforço

Há também esta questão dos presentes. Dantes recebiam-se e mesmo que não gostássemos das meias, da toalha de chá, do conjunto de chávenas, lá agradecíamos e ficávamos com as coisas a pensar que, em último caso, poderíamos oferecê-las no ano seguinte a uma das tias. Agora tudo o que nos dão e não serve ou de que não gostamos temos oportunidade de trocar. Já não há qualquer pudor em dizer abertamente que não é bem aquele o tom de que gostamos ou que preferimos outro autor no caso dos livros. Além disso já não são só as embalagens a denunciar onde se compraram os artigos. Há os "talões de troca" que facilitam muito. 
Mas se assim se tornam mais fáceis as trocas, de alguma forma também se desresponsabiliza quem oferece uma vez que o esforço para escolher o presente certo tende a diminuir. E o que dizer do papel que se gasta? Numa altura em que o aspecto ecológico é valorizado faz uma certa impressão que, para além do talão do multibanco e da factura (com dois papéis), haja ainda um talão de troca por cada artigo comprado.
E depois há ainda os cartões-oferta para quem não quer ter trabalho a escolher ou a pensar o que oferecer. Muitas lojas os têm. Em algumas podemos optar por diferentes modelos e é o máximo de personalização que podemos obter.
Tudo isto tem como objectivo facilitar o consumo. Mesmo assim, eu ainda tenho algumas dúvidas em relação a uns presentes que ficaram por dar...

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Desabafo natalício

Mesmo não tendo uma especial ligação ao Natal, admito que estes dias têm algumas coisas positivas. Uma delas é, sem dúvida, pôr em contacto pessoas das quais, em alguns casos, só nesta altura temos notícias. Família, amigos e conhecidos, trocam entre si desejos favoráveis e optimistas, quase sempre, genuínos. 
Mas, de há uns anos para cá, deixámos de perceber se de facto quem nos envia os votos de Boas Festas está realmente a pensar em nós ou se limita a reenviar frases escritas por alguém, algures, não se sabe quando e que, só porque são engraçadas ou "cheias de significado", passam de telemóvel para telemóvel, de mural de facebook para mural de facebook, de forma absolutamente impessoal. 
Acho que começo a sentir saudades de um simples e sentido "Feliz Natal".

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

"The state or time of being a boy" = All life

Acho que nunca tinha lido ou ouvido a palavra antes. Mas bastou ver a apresentação para saber que ia gostar do filme.
Richard Linklater em "Antes do Amanhecer", "Antes do Anoitecer" e "Antes da Meia-Noite" já me tinha habituado à simplicidade presente nas histórias e na forma como elas nos são mostradas. E simplicidade é uma noção de que gosto especialmente. A vida, com todas as suas vertentes, já tem em si uma complexidade extrema. E essa complexidade cabe nessa minha noção. Aliás, no cinema, como na literatura ou outras artes, são os filmes onde não há grandes artifícios ou excessos que mais gosto de ver. Até na forma como foi filmado, acompanhando o envelhecimento real dos actores, há um realismo desarmante.
No que tenho lido acerca de Boyhood sobressai a ideia de que é um filme sobre "a vida como ela realmente é". Mesmo que o argumento diga mais a algumas pessoas do que a outras, vê-lo é uma experiência que não pode deixar de tocar todos os que estão a crescer e todos os que já cresceram, ou melhor, que pensam que já cresceram. É que, na verdade, e suponho que esta é uma realidade comum a todos nós, apesar das mudanças físicas e ao nível psicológico, que nos acontecem e que fazemos acontecer ao longo da vida, fica sempre uma sensação de que há determinadas áreas em nós que permanecem inalteráveis nesse percurso.
E é dessas áreas que este filme se aproxima, lembrando-nos os tais momentos em que, paradoxalmente, deixámos para trás partes importantes de nós e seguimos em frente, levando-as connosco.  



Entre aspas, no título, está a definição dada pelo tradutor da Google. 
Curiosamente as duas imagens deste e do anterior vídeo apresentam rapazes na escola durante a infância.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Um arquivo importante

Habituei-me a ouvir falar dela como a a única mulher que, até hoje, desempenhou o cargo de primeiro- ministro em Portugal. Eu era muito miúda quando isso aconteceu por isso achei a situação absolutamente natural. E era, claro. Mas não deixava de ser, também, uma novidade num país onde, até há pouco tempo atrás, as mulheres tinham tantas restrições na sua vida cívica. Ainda hoje quando se fala em Maria de Lourdes Pintassilgo é esse facto que se refere sempre, apagando outros que não deveriam ser esquecidos. É que esta mulher deixou uma obra importante, materializada em documentos como ensaios, relatórios, artigos, etc.
O seu arquivo político e pessoal estará agora à guarda do Centro de Documentação 25 de Abril na Universidade de Coimbra que virá a disponibilizá-lo ao público. O público, certamente, agradecerá.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Homonímia

"Só agora eu sei", "Senhor delegado", "Encontro por telefone", "Rosto inocente", "Busca sem fim", "Motivo", "Jogo sujo", "Queria tanto", "Vou pegar no pé", "Não tem mais jeito", "Porque você não responde", "Sei", "Agora é tarde", "Vá pra cadeia", "Chora", "Eu queria ter poderes", "Sei sei", "Não vou abrir a porta", "Nem pense nisso", "Te prendo outra vez", "De uma vez para sempre", "Chega de papo".

Alguns dos títulos de êxitos do artista brasileiro (já falecido), Carlos Alexandre.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Nos telejornais das oito

Depois dos directos constrangedores dos primeiros dias em que meios técnicos e humanos se amontoavam à frente do edifício do tribunal no Campus de Justiça, onde estaria Sócrates, passámos agora aos directos e reportagens frente ao estabelecimento prisional de Évora. Se no primeiro caso ficámos a conhecer melhor algumas das viaturas usadas pela PSP, agora ficamos a saber que naquele lugar se come queijo, que o local é muito usado como cenário de "selfies" e que é um bom sítio para o sindicato dos jornalistas fazer uma reunião com os seus associados.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Ainda o Cante

Desde há alguns dias a esta parte toda a gente parece adorar o cante alentejano. Eu, apesar do episódio contado no post anterior, nunca lhe atribuí, pensando em mim em particular, uma importância relevante. 
Já como traço do património cultural percebo que tem um valor que se enquadra bem nas definições que levam a UNESCO a atribuir estas classificações. As regras daquela organização são muito rígidas e a burocracia necessária para se chegar onde o Cante chegou agora parece não ter fim. Mas, sendo um dos principais objectivos desta classificação, torná-lo visível a todo o mundo e contribuir para sensibilizar os poderes para a necessidade de se tomarem medidas para assegurar a transmissão desta forma específica de cantar, percebe-se, de facto, a sua importância. Claro que a inclusão nesta lista é um princípio e não um fim. Implica trabalho constante e a participação de um conjunto alargado de intervenientes pois não basta apenas identificar e protegê-lo. É preciso valorizá-lo, transmiti-lo, devolver às comunidades que o integram nas suas vivências, algumas das vantagens que estas classificações podem trazer. Ninguém deixará de concordar que, no caso do Fado, por inúmeras razões, esse movimento está mais facilitado.
Eu não passei a adorar o cante alentejano. Mas ele merece que as manifestações de regozijo que agora se multiplicam se transformem em verdadeiro apoio.