terça-feira, 10 de novembro de 2009

Como disse?

Mais uma vez não resisto a partilhar aqui o excerto de um texto de um crítico, Rocha de Sousa, desta vez, acerca de uma exposição de pintura de Fátima Mendonça (que encerrou no dia 7):

"Fátima Mendonça atravessa um mar de escolhos de preciosíssimo apelo. Primeiro talvez sejam fios enleados, como algas do fundo das lagoas não sei onde, mas nas suas mãos o milagre torna os fios cabelos de sereia e depois linhas de pó, de riscos gerados pelos pastéis de óleo. Na formação inicial da pintora, que antecede naturalmente as próprias algas, houve os cinzentos de espaços teatrais, a menina-mulher e o cão-lobo, em diversas encenações a que só Becket poderia dar vida. Digo isto com alguma nostalgia mas por esse mundo imagístico, depois transformado em cozinha caseira de fazer bolos, pudins inenarráveis, com a memória de menina mulher cravada neles e declaradas em frases carregadas de non-sense ou óbvias de gulodice, uma gelatina diversa do habitual, flutuando nas entranhas e coroas dos bolos, à flor da gelatina que trazia consigo o desejo e outros apetites perversos."
Jornal de Letras, 21 Outubro-03 Novembro 2009

Este é só o primeiro parágrafo de um texto que se prolonga por mais quatro no mesmo tom e que, ou bem que se conhece a fundo o trabalho anterior desta artista, ou então, como eu, apenas se retém a expressão "frases carregadas de non sense". Ou serão frases "óbvias de gulodice"?

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