quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Um passeio pequeno de mais

Com tantos sacos de compras de lojas de marca nem se percebia como conseguia andar. Mas lá ia, com pequenos passinhos, que contrastavam com a altura dos saltos dos sapatos. E ainda tinha capacidade para atender o telemóvel, aparentemente de topo de gama. O casaco de peles, enorme, as pulseiras e os anéis dourados, que não disfarçavam o material nobre de que eram feitos, também faziam parte do conjunto. E o cabelo? Não, não imaginam o cabelo. Da mesma cor que o casaco e que não deixava esquecer as mãos experientes de cabeleireiro que o esteve a moldar para que o vento não destruísse, em segundos, tal obra. À primeira ri para mim, tal era o exagero da monocromia e a postura altamente caricaturável. Depois deixei de rir.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Lar, doce lar

Esta fotografia


e sobretudo a situação fizeram-me lembrar o filme Home, de que já falei aqui



Não percebi se o casal vive ou não no local. Seja como for não deixa de ser estranho que, num país como a China, onde estão habituados a não respeitar as vontades individuais, isto aconteça.

Foto aqui.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Esperança

É hora de almoço. Estão os três vestidos com os fatos de trabalho. Certamente trabalham na construção do edifício ali mesmo ao lado. Formam uma linha oblíqua no passeio, quando passo por eles. Estão parados enquanto, cada um com a sua moeda, vêem se tiveram sorte com as raspadinhas que acabaram de comprar no quiosque.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Uma simples palavra

-Mãe, estive a falar com a M. Ela é bastante simpática.

M., 12 anos

Saiu-lhe assim mesmo. Oh, que alegria!... E bastou uma simples palavra... Sem qualquer constrangimento, ela escolheu bastante quando poderia ter dito bué!

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Socióloga à beira de um ataque de nervos

Como tantas coisas que me foram acontecendo na vida, licenciei-me em Sociologia. Fui eu que escolhi, é certo. Mas, envolta numa névoa de indecisão, preenchi o formulário de candidatura à universidade na noite do dia anterior à entrega e a cruz lá acabou por ficar naquela área de conhecimento de que só tinha tido uma cadeira na escola secundária, mas que, mercê de uma professora empenhada, me tinha despertado interesse. 
A licenciatura aconteceu, sem grande brilhantismo da minha parte, mas com um resultado que não envergonha. O entusiasmo, esse, nunca foi muito se considerarmos o que poderia ter sido.
Com o mestrado a sensação não foi muito diferente.
Ao longo do tempo que levo como socióloga tenho tido a sorte de me poder intitular assim, apesar de nem todas as tarefas que desempenhei terem sido da exclusiva alçada desta área de conhecimento.
Sempre entendi a Sociologia como uma base que me permite olhar para as situações de um determinado ponto de vista, ou, o que é mais importante, de vários pontos de vista. Os métodos e as técnicas que os profissionais da Sociologia utilizam são úteis mas sempre usados num contexto e tendo em conta as suas limitações. As estatísticas, por exemplo, cumprem o seu papel quando, através da recolha, da análise e da interpretação de dados nos permitem compreender o que sem elas se tornaria mais difícil ou até impossível.
Mas os sociólogos, tal como os profissionais das outras ciências sociais, sabem bem que a realidade dificilmente se deixa apreender por um qualquer estudo, por muito aprofundado que ele seja.
Depois de tudo isto dito confesso que, ao longo dos anos, muitas foram as vezes em que dei por mim a dizer, a propósito de determinadas situações, que "cada caso é um caso", expressão de difícil relação com uma ciência que estuda o comportamento humano em situação de grupo. Há dias em sinto que não há teorias, modelos, instrumentos de análise, capazes de tornar mais perceptível a realidade que nos cerca. Nesses dias questionar o valor e a capacidade da Sociologia para atingir esse objectivo é um exercício que não posso deixar de fazer. Tentar chegar a uma qualquer conclusão, isso sim, é coisa para me deixar à beira de um ataque de nervos.
(Pronto, está bem, exagero um bocadinho com esta ideia de estar à beira de um ataque de nervos. Mas não resisti à hipérbole).


terça-feira, 13 de novembro de 2012

Eu, introvertida, me confesso (ou talvez não)

Diz a notícia de jornal que basta enviar um email até quinta-feira. Depois o próprio jornal entra em contacto e o introvertido poderá "participar numa reportagem e falar da sua experiência de vida".

Se eu deixar de ser introvertida até quinta-feira ainda lhes mando um email...


A guitarra e o violino

Este sábado, no interior da Aula Magna, recebemos um presente esperado mas, até por isso mesmo, muito, muito saboroso. Andrew Bird ofereceu-nos o seu virtuosismo e um grande concerto.  Ainda bem que eu estava lá. 

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Engano?

Pode ter sido um engano. Mas colocar uma notícia destas no separador de "entretenimento" nas notícias do google parece-me revelador da importância que se concede ao Património Cultural.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Uma espécie de pensamento do dia

Quem me dera que o meu tempo fosse medido em minutos-carris. Sabem, aqueles que, nas paragens, nos indicam quanto tempo falta para o próximo autocarro? Pois...

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Estão a ver?

Poderia pensar-se que a renovação seria necessária por causa dos elementos apostos na fachada, os materiais utilizados ou ainda a forma aportuguesada da palavra que publicita o segundo tipo de artigos à venda na loja. Mas não é isso. O que está ali, de alguma forma, a mais é a referência a artigos para bebé...

Mesmo a precisar de renovação


sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Quem dera!

Estou sentada a uma mesa. A rapariga entra e fica ao balcão. Queixa-se à empregada que está do outro lado. Está cansada. Para ir trabalhar tem que se levantar ainda de madrugada e apanhar vários transportes para chegar até ali. É bom ter trabalho mas o ordenado é tão pequeno, diz. 
Está de chinelos. Numa das pernas, uma tatuagem: uma fada segura nas mãos uma varinha de condão.