sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Quase sem habitantes mas com prémio...





Os arquitectos Alves Costa e Sergio Fernandez receberam recentemente o grande prémio da Associação Internacional dos Críticos de Arte/Ministério da Cultura. Um dos trabalhos referidos pelo júri foi o estudo de recuperação e valorização patrimonial da aldeia de Idanha-a-Velha (integrada no Programa das Aldeias Históricas). Porque andei por lá recentemente e gostei do que vi deixo aqui a referência.


Idanha-a-Velha, Julho 2009

Um avô

Interior do Mercado da Ribeira em Lisboa. Hora do almoço. Os produtos nas bancas já estão cobertos. Um vendedor, com ar um pouco cansado, mas divertido, empurra um carrinho de transporte de caixas que leva apenas uma, das de esferovite. Dentro dela vai uma criança, de cerca de três anos, provavelmente neta, de chucha na boca, que observa o que resta do movimento causado pelas limpezas do chão.

A limpeza dos canteiros

Conímbriga, Julho 2009

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

As praias das nossas vidas têm espelhos

Estive finalmente nas Praias de Agnès e os meus olhos estão plenos de cinema.



Alguém que consegue viver a vida de forma tão intensa como o fez Agnès Varda e, ao mesmo tempo, constrói as suas próprias recordações, coleccionando imagens tão significativas e conseguindo, aos 80 anos, fazer um filme como este só pode ser digno da nossa admiração.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Actualização

Eu acho que quem retirou a oferta não o fez por "problemas de pagamento" mas por medo da ira do fantasma do Sr. Poncher. Ou teria sido por recear não conseguir "descansar em paz" naquele local? É que ter como vizinho, para toda a eternidade, Hugh Hefner também não deve ser fácil!

Tomb with a view?

Quem quer comprar um túmulo bem localizado? "Here is a once in a lifetime and into eternity opportunity to spend your eternal days directly above Marilyn Monroe"
Era este o anúncio e parece que resultou porque a agora ex-proprietária arrecadou uma boa quantia. Os filhos, que ainda vão gozar o dinheiro em vida, devem ter concordado.
Mas não sei se tal quantia pagará as visitas, menos agradáveis, do fantasma do antigo ocupante do espaço que, assim, será desalojado de um lugar que qualquer outro defunto invejaria.

O que vale é que fica tudo na mesma direcção!


- Então, vamos ver as ruínas, ou ficamo-nos pelo parque de merendas?
- Eu, por mim, vou mas é comer um gelado!

E porque é que, ao longe, quem não fala português só lê as indicações do parque de merendas e dos gelados?

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Nunca é tarde para aprender

Acalmem-se os críticos. Carolina Patrocínio vai regressar às aulas (passe a publicidade)!
Talvez agora alguém lhe explique a incompatibilidade entre a sua visão do mundo, pelo menos no que diz respeito ao mundo das frutícolas e as ideias que é suposto o partido que a escolheu para mandatária para a juventude, defender. Ou será que o descascar da fruta em casa de Carolina é uma tarefa tão vasta que justifique, por si só, a existência de um posto de trabalho a mais? Nesse caso...
Na mesma altura, terá dito: “Sou muito competitiva. Detesto perder! Prefiro fazer batota, a ter que perder!”. Ora isto não augura nada de bom para o seu regresso às aulas. Material não lhe faltará mas os professores que fiquem atentos!

Já foi há 25 anos!

Este fim de semana estive a ouvir uns discos destes fantásticos This Mortal Coil, que já não ouvia há um tempo e que me lembram os anos da faculdade. Esta música está no album de 1984, It'll End in Tears. Quem é que se lembra?

sábado, 22 de agosto de 2009

Turistas

Gosto de turistas. É certo que, por vezes, invadem as cidades e Lisboa, em Agosto, é prova disso, com a quantidade de autocarros de turismo a despejar excursões e os guias armados de flores de peluche, chapéus de chuva, placas com o nome das agências… que levantam no ar para terem a certeza que fazem tudo para não perder nenhum elemento do seu rebanho.
Mas gosto, sobretudo, dos que não vêm em grupos. Que andam nos transportes públicos que, sem eles, circulariam vazios este mês; que percorrem as ruas, com os mapas na mão, à procura dos locais que nós já conhecemos. Às vezes apetece-me interrompê-los e fazer uma sugestão, dizer-lhes para irem a algum sítio, menos referido nos guias, para que sintam Lisboa como ela é.
Mas aquilo que mais gosto é a forma como eles olham para as coisas, os edifícios, o rio, como escolhem o que fotografar e os comentários que fazem, quase sempre positivos, tornando-nos mais orgulhosos da nossa cidade.
Esse olhar leva-nos, muitas vezes, a olhar também e a ver o que já nos esquecemos que está lá, à força de o olharmos todos os dias. É assim que, não raramente, descubro uma janela, um passeio em calçada que piso todos os dias, uns graffiti que ainda não tinha reparado que estavam ali, o brilho do rio ao final da tarde…

Onde é que foi tirada esta?

Uma família composta por casal e duas crianças atravessa a rua e dirige-se, munida de máquina fotográfica, para a estátua do Duque da Terceira, na Praça com o seu nome (Cais do Sodré). As crianças trepam pelo pedestal. A mulher coloca-se mesmo ao centro. Todos em pose. O homem tira uma fotografia que, pelo que se vê, apenas enquadra os três, nada mais. Depois vão embora.

Ninguém a ver o mar

Julho 2009

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Aqui também há "dedo de arquitecto"

Julho 2009

Mau gosto

Quem teria sido o autor desta magnífica ideia de colocar esta placa na entrada de um hospital? Claro que os optimistas podem acreditar que o "tomorrow will bring" saúde, por exemplo. Mas a maioria não me parece que aprecie a frase do poeta. Bem, pode ser que os doentes que lá entrem não saibam inglês!



Hospital de Saint Louis em Lisboa

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

"com trinta e seis hipóteses no rolo"


A Máquina Fotográfica

É na câmara escura dos teus olhos
que se revela a água

água imagem
água nítida e fixa
água paisagem
boa nariz cabelos e cintura
terra sem nome
rosto sem figura
água móvel nos rios
parada nos retratos
água escorrida e pura
água viagem trânsito hiato.

Chego de longe. Venho em férias. Estou cansado.
Já suei o suor de oito séculos de mar
o tempo de onze meses de ordenado;
por isso, meu amor, viajo a nado
não por ser português mal empregado
mas por sofrer dos pés
e estar desidratado.

Chego. Mudo de fato. Calço a idade
que melhor quadra à minha solidão
e saio a procurar-te na cidade
contrastada violenta negativa
tu única sombra murmurada
única rua mal iluminada
única imagem desfocada e viva.

Moras aonde eu sei.
É na distância
onde chego de táxi.
Sou turista
com trinta e seis hipóteses no rolo;
venho ao teu miradoiro ver a vista
trago a minha tristeza a tiracolo.

Enquadro-te regulo-te disparo-te
revelo-te retoco-te repito-te
compro um frasco de tédio e um aparo
nas tuas costas ponho uma estampilha
e escrevo aos meus amigos que estão longe
charmant pays
the sun is shining
love.

Emendo-te rasuro-te preencho-te
assino-te destino-te comando-te
és o lugar concreto onde procuro
a noite de passagem o abrigo seguro
a hora de acordar que se diz ao porteiro
o tempo que não segue o tempo em que não duro
senão um dia inteiro.

Invento-te desbravo-te desvendo-te
surges letra por letra, película sonora,
do sendo à vogal do tema à consoante
sem presença no espaço sem diferença na hora.
És a rota da Índia o sarcasmo do vento
a cãibra do gajeiro o erro do sextante
o acaso a maré o mapa a descoberta
dum novo continente itinerante.

José Carlos Ary dos Santos
Obra Poética
Lisboa, Edições Avante, 1994

A Fotografia ainda nos espanta

A propósito do Dia Mundial da Fotografia relembro aqui Pedro Miguel Frade (1960-1991) e o seu livro "Figuras do Espanto. A fotografia antes da sua cultura", Edições Asa, 1992 (esgotado, que se saiba) no qual faz uma análise da mudança, ao longo do tempo, das nossas atitudes em relação ao objecto fotográfico.
O livro não o tenho (nunca consegui encontrá-lo à venda). Mas do autor recordo as aulas de Semiologia na faculdade e a paixão que nos transmitia quando o tema era a Fotografia. Mesmo quando falava da fotografia criminal e projectava no ecrã imagens de cadáveres nas morgues (eu acho que ele observava as nossas reacções), a pertinência das suas reflexões deixavam-nos, ou pelo menos a mim deixavam-me, sempre, com uma sensação de que saía dali mais rica do que quando entrava. E o que é que podemos querer mais de um professor?

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Reedição (não alcoólica) do "Pátio das Cantigas"?

R. da Bica de Duarte Belo (a do elevador da Bica) à hora de almoço. Trabalhadores de uma empresa de telefones acabam de fazer um furo, na fachada de um edifício, de onde jorra um jacto de água, com uma intensidade tal, que chega à fachada do prédio em frente. Felizmente a loja que aí existe está fechada. Os transeuntes têm que optar entre passar por baixo do jorro e molharem-se ou passarem por baixo da escada que os funcionários da empresa (que se encontram todos ao telemóvel a tentar resolver o problema) encostaram à parede para poderem subir, arriscando-se, assim, ao azar associado. Os moradores na zona, esses, aproveitam para darem largas ao seu humor inspirado por tão forte esguicho.

Ainda a praia

Julho 2009

Uma praia

Julho 2009

Liquidação total de quê?


Jamais, presidente Jammeh

Uma notícia de hoje do Jornal i desperta a atenção. O Presidente da Gâmbia, o país mais pequeno de África, teve um sonho que se transformou num pesadelo para os que se cruzam com os seus "Green Boys" que raptam e torturam os que consideram bruxas e feiticeiros, responsáveis pelos males do país.
Mas há muito mais. Yahya Jammeh que, em 1994, derrotou o anterior presidente e estabeleceu a ditadura no país, foi reeleito em 2001 e criou uma lei que proíbe a existência de partidos na oposição. Depois de divulgar que tinha encontrado uma cura para a Sida, à base de plantas medicinais, e que por isso todos os infectados não necessitariam tomar mais medicamentos, ameaçou decapitar todos os homossexuais do país. Se procurarmos encontramos outras atitudes deste "presidente" que, mesmo se descritas num documento da Idade Média, seriam difíceis de acreditar. E, afinal, parece que tudo isto se passa hoje! Como é que é possível que a comunidade internacional não faça nada?

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Com que idade deixamos de viver?

Já sabíamos que, com o aumento do número médio de anos de vida esperados, muitos dos que vivem mais tempo param de viver muito antes. Ou porque o envelhecimento do corpo (aqui incluindo o cérebro) os ultrapassa; ou porque as aprendizagens que fizeram ao longo da vida apenas os prepararam para, a partir de determinada altura, esperar a morte.
Já sabíamos que há quem pense, como a protagonista do filme, que, a terceira, ou a quarta idade não são uma morte antecipada. Já sabíamos que as histórias de amor não enquadradas no "socialmente correcto" têm consequências. Neste caso se, para os "novos amantes", elas são positivas, para quem se vê, no final da vida, mergulhado ainda em mais solidão, elas são trágicas.
Já sabíamos isso tudo. Aliás nada do que neste filme se fala é novidade. A não ser que não estamos habituados a vê-lo no cinema. Fica, no final, a sensação de que não saberemos nunca qual a melhor decisão a tomar: se viver, se ouvir passar os comboios (alusão ao passatempo de uma das personagens).

Outono em pleno Agosto

Lisboa, Agosto 2009

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Tivesse ele o barrete (verde) e não teria sido tão grave

E nós a pensarmos que isto dos políticos andarem na pancadaria só acontecia lá para a Coreia do Sul. E ainda nem começou a campanha eleitoral!

Y. (Y Punto)

É o nome do álbum de Bebe editado este ano e que vem, finalmente, fazer companhia ao "Pafuera telarañas", de 2004, até agora o único. Já não era sem tempo!

O cabelo está muito mais comprido mas a força das músicas permanece.



Bebe Me Fui Video

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Lisboa a gosto

Não resisto ao trocadilho só para falar do prazer que é trabalhar em Lisboa no mês de Agosto.

O facto de o trânsito na cidade (e arredores) estar muito mais reduzido, os transportes públicos sem excesso de passageiros, os turistas com quem nos cruzamos na rua contribuem, certamente, para a sensação de que também nós estamos de férias, não estando.

Três coisas, no entanto, destaco como menos boas:
  • este calor que agora nos tolhe as ideias
  • o facto de muitos dos locais onde habitualmente vamos tomar café ou fazer compras estarem fechados
  • o excesso de turistas nas zonas mais visitadas

Vamos aproveitar, portanto, porque já só temos duas semanas e uns dias.

Quando a música é mesmo terapia

Esta senhora descobriu a sua vocação para a música quando recuperava de um atropelamento que lhe provocou um traumatismo craniano. A sua recuperação foi também uma mais valia para nós todos. Vale a pena ouvir!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Ainda Ruy Belo


Logo a seguir, na mesma página, temos:

Na Praia

Raça de marinheiros que outra coisa vos chamar
senhoras que com tanta dignidade
à hora que o calor mais apertar
coroadas de graça e majestade
entrais pela água dentro e fazeis chichi no mar?

Saudades do Inverno

Agora que as temperaturas estão a subir e o Verão parece estar aí em força fui reler "O Verão" de Ruy Belo. É daí que retiro este poema:

A autêntica estação

É verão. Vou pela estrada de sintra
por sinal pouco misteriosa à luz do dia
ao volante de um carro que não é um chevrolet
e nesse ponto apenas se perdeu a profecia
Não há luar nem sou um pálido poeta
que finja fingir a sua mais profunda emoção
Chove uma chuva que me molha os olhos
e me leva a sentir saudades do inverno:
a luz o cheiro a intimidade o fogo
Quem me dera o inverno. Talvez lá faça sol
e eu sinta aflitivas saudades do verão:
uma estação na outra é a autêntica estação

in Ruy Belo, obra poética, vol. 1 Editorial Presença, p. 177

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Impressões do digital

Na semana passada, sem grandes expectativas, fui ver o filme Inimigos Públicos . O ambiente, marcado pela crise iniciada em 1929 nos EUA, parece-me bem retratado e o realismo está, sem dúvida, presente. Mas pareceu-me que se arrasta demasiado. E Johnny Depp não me convenceu. Não me consegui afastar dele e vê-lo como John Dillinger (um problema que, até agora, só me costumava acontecer com Leonardo Di Caprio - com excepção do "Diamante de Sangue").
Mas a questão que mais me deixou a pensar é de ordem técnica. O realizador utilizou câmaras digitais e a tecnologia HD (que até é diferente para os próprios actores pois permite-lhes actuar muito mais tempo, sem interrupções) torna o som e a imagem mais reais, mais vivos. As expressões tornam-se mais claras, mais nítidas. Quando a câmara se aproxima dos actores conseguimos ver os seus poros, as suas imperfeições. No caso do actor principal isso observa-se bem, o que, por deixar-se ver assim, só abona a seu favor. Tanto pelas imagens, como pelo som parece que estamos a ver o documentário do "making of" ou que estamos dentro da cena (no caso do tiroteio e da perseguição na floresta isso é mais sentido). Ora, sem querer parecer uma "velha do Restelo", a questão é: será que isso é bom? Será que é isso que queremos de um filme, entrarmos dentro dele ou mantermo-nos como espectadores, do lado de fora? É que, pode ser por ser o primeiro filme que vi assim filmado, mas o efeito que teve em mim esta tecnologia foi o de me dificultar a concentração no filme em si mesmo, chamando-me a atenção para questões que até agora me pareciam mais acessórias.

Não se arranjava uma placa maior?

A mobilidade urbana como nunca a vimos

Fora de Portugal é já um sucesso. Aqui a Carristur está a introduzir esta modalidade, um serviço que conjuga a utilização dos transportes públicos com a utilização de um automóvel, em caso de real necessidade. O ambiente ganha e nós também.
Não foi por acaso que resolvi falar disto hoje. É que a temperatura recomeçou a aumentar e, na cidade, circular a pé, nestes dias, significa aumentar ainda mais a distância entre peões e automobilistas. A utilização de ar condicionado, dentro dos automóveis, expele, para fora destes, ar ainda mais quente do que o que está no ambiente atingindo quem circula nos passeios, como que a dizer-nos: estão a ver? Aqui está-se muito melhor! Esse é um aspecto positivo que me agrada. Porém, mesmo assim, não me convencem!

Centro de Férias

Julho 2009

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

A crítica literária tem destas coisas

Já aqui fiz referência a textos de António Guerreiro, crítico literário do Expresso. Normalmente gosto de ler o que escreve. Mas às vezes... Reparem no que escreveu sobre um livro de poesia, de Luís Serra, editado recentemente:
(Passo a citar) ...Eis um poema que se chama 'Inverno': "Improviso uma época balnear;/ línguas/ estrangeiras marcam encontros lúbricos." E outro, baseado num processo de enumeração: "Uma mosca no resto doce do prato de veneno/ um rumo porno e cor de corrida/ um motor imóvel a dar um baile/ uma vontade de foder." Veja-se como esta poesia, mesmo na enumeração, não tem nada de descritivo (e, por conseguinte, também nada de confessional: ela desvia-se, aliás, da asserção subjectiva, não há uma única ocorrência do Eu). Toda a sua força está na instauração de sentido, na abertura de horizontes insuspeitados: "Formigas de asas em revoada: concerto para enforcados."
Expresso Actual 04 Julho 2009

Dar graxa já teve melhores dias!

Na Rua Garrett, na entrada de um dos edifícios, encontramos, a trabalhar, um sapateiro.
Para além desta actividade também engraxa sapatos. Mas, actualmente, sobretudo no Verão, as cadeiras (e estas não são umas cadeiras quaisquer) estão quase sempre vazias.
"Só às cadeiras, a mim não!, respondeu-me quando perguntei se podia tirar uma fotografia".

domingo, 9 de agosto de 2009

Raul Solnado 1929-2009


Depois de quase não se ter falado hoje noutra coisa também eu quero prestar uma pequena homenagem e lembrar que, na minha infância, antes de dormir, ouvia muito os "Discos Pedidos" na rádio. Era raro o dia em que ninguém pedia uma das histórias contadas por Raul Solnado. Por isso eu sabia-as quase de cor. Da televisão recordo os concursos que apresentou, como "A visita da Cornélia". Confesso que depois deixei de acompanhar com atenção o seu percurso. Mas reconheço a sua importância no Humor feito em Portugal e o facto de querer, inclusivamente, manter-se actualizado. Prova disso é o trabalho que desenvolveu com nomes que estão actualmente no topo, quando se pensa em humor, e que reconhecem que também aprenderam muito com ele.

sábado, 8 de agosto de 2009

Um empate cromático!

Parece que os adeptos dos Rossoneri são dos mais felizes da Europa já que o A. C. Milan é dos clubes com mais títulos em provas de futebol europeias.
Já nós, benfiquistas, nos últimos anos, não temos tido muitas razões para festejos. Este sábado veremos se, "J.J. e sus muchachos" nos dão mais uma alegria. E, tal como noticiava hoje o Inimigo Público, podemos celebrar efusivamente (se não no Marquês, pelo menos na Luz - parece que os bilhetes estão esgotados). Ah, mas a época ainda não começou, não é? Não faz mal. Também a nível dos festejos esperemos que isto seja uma pré-época e não uma oportunidade única!
Este torneio é interessante por ser mais uma homenagem a Eusébio (figura nacional com mais homenagens enquanto vivo, para variar, que eu conheço). Sendo ele o "Pantera Negra" e sendo o Benfica um clube rosso está feito o empate...

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Arte ou poluição visual?


Confesso que, quando entrei na R. da Prata, vinda da Praça da Figueira, me assustei. Mas que coisa, pensei. Será que as empresas que instalam as iluminações de Natal cobram mais barato nesta altura e a Câmara de Lisboa, para poupar mais algum dinheiro, mandou já fazer o trabalho? Só mais tarde soube que este emaranhado de fios, lâmpadas e tubos que, pelos vistos, também encontramos na R. do Ouro, compõem uma instalação, denominada "Planetário de Giammello" (nome do autor da obra), que reproduz constelações e que se integra no âmbito do Festival dos Oceanos.
Ora eu ainda não observei a obra durante a noite e admito que possa ser muito bonito de se ver mas acreditem que, durante o dia, é pura poluição visual!

Mazagrã Versus Bica?


Para lá da polémica acerca da retirada do quiosque do Jardim das Amoreiras e da instalação na Praça Luís de Camões, eles aí estão, em pleno funcionamento, os quiosques de refrescos. Só conheço o do Camões e o do Príncipe Real. A ideia de servir bebidas que, há já muito tempo, não encontrávamos por Lisboa (como limonada, mazagran - ou, se calhar, mais correctamente em português, mazagrã -, chá frio, ou capilé), que podem ser acompanhadas por sanduíches e outros sabores, também tradicionais, é boa.

Já a escolha do mobiliário das esplanadas, pelo menos a do Príncipe Real, não foi feliz. E aquela ideia de servir cafés em copos de papel e de amido de milho (acho que li algures que é isso) também não sei se será uma boa ideia. Parece que o material se deita fora, junto com o lixo orgânico e que se decompõe facilmente mas, a avaliar pela quantidade de copos usados que vemos pelo chão, tem contribuído para sujar ainda mais a área à volta. E tomar café nestes copos retira metade do prazer que associamos a este acto. Das duas uma: ou é já uma medida no âmbito do plano de contingência da gripe A ou, quem gere os quiosques, pretende apostar no mazagrã em detrimento da, já também tradicional, bica.

Curiosidade

Hoje é dia 07.08.09.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Hoje somos todos Hibakusha

Recordou-me a Patrícia, logo pela manhã, que foi há 64 anos. A "little boy" fez milhares de mortos. Três dias depois a "fat man" fez mais milhares de mortos. Os números esmagam-nos. As demonstrações de força de um país sobre outro nunca mais atingiram níveis destes. Mas é assustador pensar que a tecnologia anda por aí e que o fantasma do uso da energia nuclear para fins militares não está, de todo, afastado.
Obama terá dito que, como única potência a ter utilizado a bomba atómica, os Estados Unidos têm a "responsabilidade moral de actuar para obter um mundo sem armas nucleares".
Não é por ter acontecido longe daqui que nos devemos esquecer deste dia mais que imperfeito. Recordar o texto de Vinicius de Moraes pode ser uma das formas...


Foi você que pediu um kit religioso?



Boa noite, eu sou Manuela Ferreira Leite

Em jeito de pivot de telejornal, já em Maio, Manuela Ferreira Leite concordava que é preciso fazer política com as pessoas.
Esqueceu-se de acrescentar que a escolha dessas pessoas seria feita por si.
Eu acho que Passos Coelho, Miguel Relvas e outros não ligaram para a Linha Fale Connosco!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Não percebo porque não funciona!

Num centro comercial uma criança está junto à montra de uma daquelas lojas de electrodomésticos, que as grandes superfícies comerciais agora têm junto ao supermercado. As suas mãos estão agarradas ao vidro. Está calor. Lá dentro, virada para o vidro, uma ventoinha de pé alto está a funcionar, fazendo levantar no ar umas fitinhas coloridas que estão agarradas a ela. A criança parece não perceber porque é que não acontece o mesmo aos seus cabelos e porque não sente o ar mais fresco.

Declaração para todos os efeitos

A todos os que me têm perguntado:

Nasci na vila de Oeiras (e não Óeiras). Vivo, desde essa altura, no concelho de Oeiras. Nunca votei no PSD quando Isaltino era candidato à CMO por aquele partido. Nunca votei no movimento Isaltino Oeiras Mais à Frente (IOMAF). A 11 de Outubro deste ano não vou votar IOMAF.

E recuso-me a fazer parte de qualquer julgamento. Não tenho competência para tal nem creio que qualquer um dos munícipes de Oeiras o possa fazer. Para isso temos o sistema judicial que, apesar de todos os problemas, ainda tem a função de tomar decisões nessa matéria. Por isso devemos deixar a justiça funcionar . A propósito tem algum interesse perceber que se, por estes dias, fosse feita uma sondagem de opinião sobre os tribunais haveria de certeza percentagens elevadas de opiniões positivas. Os humanos gostam de ver alguém com poder nestas situações. Mas daí até levarmos Isaltino ao pelourinho é outra coisa bem diferente. O voto, esse sim, devemos usá-lo sem pressões. Não vamos votar para confirmar ou não uma decisão do tribunal. Vamos votar usando a nossa consciência que nos ajudará a pensar se queremos um presidente de Câmara que tem obra feita (quem conheceu e conhece Oeiras sabe que o concelho mudou, de facto, imenso e quase sempre para melhor) mas que, de acordo com as provas em que o tribunal se baseou para o condenar, erigiu essa obra à sombra de ilegalidades e corrupção.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Noiva procura-se. Dá-se preferência a quem goste de tachos e panelas.

No domingo, na SIC, Cristiano Ronaldo motivou mais uma "peça jornalística" de fino recorte. Entre imagens e descrições da casa que o futebolista terá comprado nos arredores de Madrid disseram-se coisas como: "Cristiano, ao que se sabe, não tem grande mão para a cozinha. Mas, caso a próxima noiva goste de tachos e panelas, então esta será uma das zonas mais importantes da casa". Ou ainda, "CR já tem o palácio à espera...agora só falta a princesa" (para pôr lá dentro, presume-se).
Que contributo tão interessante no âmbito das medidas, preconizadas pela UE, no sentido de utilizar linguagem positiva e difundir imagens que contribuam para a igualdade de oportunidades entre mulheres e homens e contrariem estereótipos de género.

Sete anos de prisão Isaltino padeceria...

"A política não tem nada a ver", respondia Isaltino Morais quando, perante a decisão do colectivo de juízes do Tribunal de Sintra, os jornalistas lhe perguntavam se iria manter a candidatura à Câmara de Oeiras. A política não tem nada a ver com quê? Será que se ele fosse um cidadão sem cargos políticos teria tido oportunidade de acumular o dinheiro que colocou em contas fora de Portugal e de ter sido julgado pelos crimes pelos quais foi agora condenado? E será que acha que esta situação não terá qualquer relevância na sua candidatura? Se é assim, ou pensa que os eleitores não têm qualquer capacidade crítica ou está de tal maneira convencido que estes lhe darão a vitória que acredita que tudo o que se dirá nos próximos tempos não fará mossa na sua quase eterna posição de presidente da CMO. E eu, mesmo sabendo que muitas coisas serão postas noutras perspectivas, não tenho grande esperança na mudança.
Ao ler as notícias hoje não pude deixar de me lembrar do soneto de Camões que aqui, grosseiramente, se adapta a este caso:

Sete anos de prisão Isaltino padeceria
Enquanto autarca de Oeiras, terra bela;
Mas não servia só o concelho, servia-se a ele
E à Câmara apenas por prémio extra pretendia.

Os dias, na esperança da absolvição
Passava, contentando-se com presidi-la;
Porém o tribunal, usando de justiça,
Em lugar da absolvição, lhe dava a perda de mandato.

Vendo o astuto presidente que, mesmo com mil enganos,
Lhe fora assim negada a sua clamada inocência,
Como se a nova candidatura não fosse merecida;

Começa de recorrer, até à transição em julgado
Dizendo: - Mais recorreria, se não fora
Para tão longo processo, tão curto o tempo até às eleições!

O CCB está fora de si!

Vale a pena estar atento à programação. Dia 1 esteve no palco uma verdadeira força da natureza que juntou um público heterogéneo que pareceu ter ficado rendido.

O vocábulo ainda é redondo!

Dia 2 de Agosto de 1929 nasceu José Afonso. Há 80 anos, portanto.

Para não deixar passar a data em branco aqui está uma das minhas canções favoritas (ainda por cima acompanhada pelo Fausto):

sábado, 1 de agosto de 2009

Leonard's choise?

Gosto de filmes assim. Em que as imagens, belíssimas, nos fazem entrar naquelas casas, nos fazem caminhar naquelas ruas. Em que a cor parece ser sempre a certa no ambiente certo. Em que as personagens são iguais a nós. Sem rasgos de genialidade, sem a dose de força que, tantas vezes, as afasta da vida real. Em que as escolhas, tal como nessa vida real, quase nunca são escolhas.