sábado, 27 de fevereiro de 2010

O singular e o vulgar

Tenho um livrinho das Fábulas de La Fontaine (escolhidas), numa edição da Livraria Chardron de Lello & Irmão (não consta a data), organizada por Matias Lima, onde, nas suas palavras, vários autores deram "uma nova e livre interpretação a algumas dessas fábulas". O resultado é muito engraçado. Por isso, de vez em quando, deixarei aqui uma dessas "lições de alta moral e sabedoria onde há muito que aprender, lições que interessam a todos, pois cada uma delas é um espelho que nos reproduz melhor do que o que temos em casa. Este é de vidro vulgar: retrata-nos na aparência. Aquele é de cristal puro: retrata-nos no íntimo." 

O Camelo

O primeiro que viu
Um camelo, fugiu…
Tal o espanto profundo!
Já o segundo
Se aproximou ligeiro.
Veio o terceiro:
Com decidido gesto
Pôs-lhe um cabresto.

Bem certo é isto:
O que era singular,
À força de ser visto
Transforma-se em vulgar.

                                  Matias Lima

in La Fontaine Fábulas (escolhidas) edição organizada por Matias Lima, Livraria Chardron de Lello & Irmão, Porto, p. 10

1 comentário:

  1. Ideia bastante interessnte, deixar por aqui as histórias de la Fontaine revisitadas.
    Bj,
    Manuela

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