Um cemitério, ao final da tarde de domingo. Chovia e até o quiosque das flores estava já fechado. À porta o funcionário fumava um cigarro protegido por um oleado que já nem a chuva conseguia lavar. A entrada de alguém àquela hora não era bem-vinda. Para mais quando, perante a dificuldade em encontrar uma sepultura, o visitante se lhe dirigiu em busca de ajuda. A atitude solícita, não escondia, porém, a vontade imensa de resolver o assunto rapidamente e de fechar o portão daquele local de trabalho tão pouco acolhedor. Mesmo assim levou o visitante para dentro. A sala de trabalho, com móveis de escritório que já tinham tido melhores dias, apresentava um aspecto bem mais deprimente que as sepulturas enfeitadas com flores que se viam no exterior. A lama no chão tornava o linóleo acastanhado. A um canto, alguns pequenos caixões, que servem para conter ossadas, aguardavam. Em cima da mesa, um cinzeiro transbordava a cinza que se espalhava sobre papéis, canetas e o parco material de trabalho.
Dada a informação estava finalmente na hora de encerrar e de voltar para o mundo dos vivos.
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