quarta-feira, 10 de março de 2010

Uma das razões/poemas porque gosto de Maria do Rosário Pedreira

Nunca soube o teu nome. Entraste numa tarde,
por engano, a perguntar se eu era outra pessoa -
um sol que de repente acrescentava cal aos muros,
um incêndio capaz de devorar o coração do mundo.

Não te menti; levantei-me e fui levar-te à porta certa
como um veleiro arrasta os sonhos para o mar; mas,
antes de te deixar, disse-te ainda que nessa tarde
bem teria gostado de chamar-me outra coisa - ou
de ser gato, para poder ter mais do que uma vida.

                                                  (Os Nomes Inúteis)

in Maria do Rosário Pedreira, Nenhum Nome Depois, Lisboa, Gótica, 2005, p. 13

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