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Não foram os circos que inspiraram Capossela na criação deste espectáculo, mas sim as feiras de prodígios. “A cabra com cinco patas”, “o porco com duas cabeças”… que estavam ali apenas para serem exibidas, não porque tivessem algum talento.
O espectáculo de ontem foi uma festa. Da sonoridade associada ao circo até aos temas mais intimistas, Vinicio foi o maestro de uma orquestra composta por músicos que sabiam tocar muito bem os seus instrumentos (o theremin, controlado por Vincenzo Vasi, é sempre um sucesso), mas foram sempre para além disso. O mágico, presente ao longo de todo o tempo, com os seus números, ora bem conseguidos, ora apenas para nos entreter, foi uma peça que ajudou a manter a ideia de que estávamos num local de magia, conscientemente enganados. O público, composto por muitos italianos e portugueses rendidos, fez do auditório da Culturgest um recinto de baile.
E, no entanto, a alegria não nos fez esquecer que estávamos num “Solo Show”. É que, tal como diz o próprio Vinicio Capossela, “chama-se Solo Show porque vamos ter que lidar com ele sozinhos, aguentando firmes, no palco e na plateia. E também porque, afinal de contas, é só um espectáculo - entretenimento, como dar uma volta numa montanha russa suspendendo a incredulidade. Suspendendo o esforço constante para domar o tempo. Umas tréguas com a vida, para que permitamos ser atacados por dentro, por nós próprios, no momento em que fechamos os olhos”.
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