sexta-feira, 19 de março de 2010

Um mundo à beira da estrada

As lojas, junto à estrada, vendem ainda artigos em cerâmica pintados com flores de muitas cores. Mas agora já não se vêem os carros parados à porta. Ou só um ou dois, talvez. Para além dessas lojas só os restaurantes, alguns com dormidas, em construções de rés-do-chão e primeiro andar, pintadas com cores garridas e com azulejos com padrões variados, ainda se mantêm abertos. É num deles que estou agora. Os únicos clientes são alguns motoristas que, por ser hora de almoço, aqui vêm fazer a sua refeição. E é de colher na mão que lhe vão piscando o olho. Ela, a dona do estabelecimento, sorri-lhes. É só para servir à mesa que utiliza o batom que comprou da última vez que esteve na cidade. Enquanto está na cozinha não vale a pena, pensa ela. Desde que regressou de França está para ali metida, sem conversar com ninguém. Com tanto que fazer que o seu homem tem e a sua filha a maior parte do dia na escola, até se esquece que é tão nova e que sempre gostou tanto de brincar, de conversar e passear com as suas amigas. É como se aquele restaurante fosse o seu mundo. E ela sente que é um mundo pequeno demais. E, no entanto, a estrada está mesmo ali, a alguns passos.

2 comentários:

  1. A nossa relação com o mundo, literal ou metafórico, é feita de "lugares" e "caminhos" (entre lugares), literais ou metafóricos. De Hestia (Deusa grega do coração) e de Hermes (Deus dos caminhos e movimento).

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  2. Mas isso é literal ou metaforicamente falando? :)

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