quarta-feira, 3 de março de 2010

O que eles aprendem sobre nós

Mesmo que seja só por curiosidade, enquanto esperamos num qualquer consultório, não conseguimos resistir às revistas mensais femininas que, espalhadas pelas mesas, apresentam capas apelativas com chamadas de atenção para artigos que, depois de lidos, se percebe serem todos iguais. E não há revista, dirigida preferencialmente às mulheres, que não tenha artigos do género “o que eles pensam de…” ou “o que eles querem quando…” e que, repetindo os conselhos de revista para revista e de número para número, nos dão dicas acerca da personalidade masculina e dos comportamentos que nós, mulheres, devemos adoptar se lhes queremos agradar.

Pois hoje, tentando dar alguma ordem ao caos que é esta secretária onde escrevo, dei com uma revista, de Janeiro do ano passado, que, recordo agora, me foi entregue aquando da inscrição na prova da mini maratona de Lisboa. É a Men’s Health, dirigida ao público masculino, com uma capa clássica, na qual vemos um homem, modelo certamente, mostrando a sua boa (óptima, diria eu,) forma física e com artigos que, afinal, não são tão diferentes dos que já falei no anterior parágrafo. Assim entre artigos como “abdominais definidos sem ir ao ginásio”, “8 regras para fechar bons negócios” ou ”melhore o seu look este ano” temos também: “mais e melhor sexo - melhore a sua nota na cama” e “fantasias sexuais que elas nunca contam”. Nada do que estava escrito me pareceu novo se bem que este último artigo estava subdividido em vários capítulos dedicado, cada um, a faixas etárias específicas: 18’s-adolescentes; 20’s-as loucuras; 30’s-as trintonas; 40’s- a experiência; 50’s-e depois do adeus; o que não deixa de ser relevante.

Mas o que mais me chamou a atenção foi um artigo cujo título era “Mulheres: dar para depois receber!” e o subtítulo: “demonstre a estas quatro pessoas (e a mais um animal…) que sabe cuidar da princesa que os sogros tanto protegem.” Este sim achei muito interessante por me parecer muito elucidativo de certa forma de pensar. Então as quatro pessoas a quem se deve tentar agradar para que uma relação a dois resulte, segundo este artigo, que não está assinado, são: a melhor amiga, cuja amizade se deve tentar conquistar, revelando interesse pelos seus problemas, demonstrando que se está sempre lá. “As mulheres adoram sentir que somos um ombro amigo e que as protegemos”; o ex-namorado simpático a propósito de quem se deve agir com normalidade e segurança, para não correr o risco de mostrar à namorada um lado inseguro; a sogra que, pelos vistos, é “a primeira pessoa que tem que gostar de si” passando a estratégia a adoptar por incluí-la em muitos dos planos a definir; e o sogro a quem não se deve massacrar com elogios à filha, para não parecer ridículo, mas a quem se deve pedir conselhos sobre assuntos financeiros, profissionais, etc., fazendo-o ver que “considera importante a opinião dele na tomada de decisões da sua própria vida”. Finalmente um animal: o gato pois, mesmo que o deteste, vai ter que “demonstrar afecto pelo bicho”, deixando que o cheire, fazendo festinhas ou dando-lhe comida. Enfim, diz-se no artigo, “ o que um homem tem de fazer para levar uma mulher para a cama!”

Edificante, não acham? Felizmente quem lê estas revistas sabe fazer uma leitura com humor e salvaguardar as distâncias em relação à vida real… não é verdade?

6 comentários:

  1. Eu acho que o gato não se deixará enganar. Já os outros...

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  2. Bolas! Então foi um erro ter eliminado os ex-namorados dela? Vou ver se algum sobreviveu como o Pedro da novela Perfeito Coração...

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  3. A revista aqui parece-me que não inventou nada. Limitou-se a aconselhar uma linha de conduta certamente seguida por alguns :)

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  4. Manuel: eu não sei quem é o Pedro da novela. Mas parece-me que, depois de uma confissão destas, ainda vou ter o blogue apreendido para investigações. Para a próxima limite-se a assustá-los. :)

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