mas sim dos seus autores. E no entanto quantas vezes já nos apeteceu alterar o final de uma história que é contada num livro ou num filme! Foi o que me aconteceu hoje com o filme “A Single Man”, do realizador estreante Tom Ford, com muitos pergaminhos no mundo da moda, sendo o argumento uma adaptação de um livro de Christopher Isherwood.
Ford filma uma história cujo presente acontece no ano em que ele próprio nasceu, 1962. Numa época em que o sonho americano está em plena expansão, acompanhamos um dia na vida de um professor de literatura marcado pela solidão, após a perda do seu amor de muitos anos. As cores fortes e vibrantes de algumas cenas, que convêm ao aparente bem-estar da sociedade, contrastam com os tons escuros e tristes que sabemos caírem que nem uma luva às emoções por que passa aquele homem.
Não sei se a tradução adoptada, “Um homem singular” será muito feliz. Parece-me que “Um homem só” faria mais sentido.
O trabalho dos actores é fantástico. Colin Firth é extraordinário na sua interpretação (mesmo nas cenas mais inverosímeis da tentativa de suicídio). A forma como nos mostra a contenção das emoções, ao mesmo tempo que elas estão estampadas no seu rosto, demonstra um grande talento.
A aprendizagem da vida depois da perda de alguém querido, a sobrevivência depois de estar submerso no meio do silêncio, deveria ter um outro desfecho. Mas isso é o que achamos nós que, graças ao trabalho dos autores do filme, criámos empatia com o Professor Falconer. E depois são eles prórios a tirarem-nos o prazer de pensar que “a vida continua”. Mas a verdade é que ela, às vezes, não o faz.
"E depois são eles prórios a tirarem-nos o prazer de pensar que “a vida continua”."
ResponderEliminarFelizmente, os pensamentos são livres :).
:)
ResponderEliminarUm belo filme, com um fim brutal.
ResponderEliminarInfelizmente a morte pode ser muitas vezes
imprevisível.
M.Júlia
Tem razão, Júlia, por mais previsível que seja.
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