É este fim-de-semana que têm início as comemorações do centenário da República. E é na cidade do Porto por ter sido aí que, a 31 de Janeiro de 1891, teve lugar um levantamento militar contra o Governo e a coroa, dadas as suas cedências ao Ultimato britânico de 1890, considerado o primeiro movimento revolucionário com o objectivo de implantar o regime republicano em Portugal.
Tal como em Outubro passado, também por estes dias a discussão em torno da questão República versus Monarquia animou muita gente.
Confesso que, ao longo da minha vida, este assunto nunca me preocupou muito. Provavelmente porque viver numa República era, para mim, um dado adquirido que nunca senti necessidade de pôr em causa. Um busto da República, de barro pintado, já com a tinta toda a descascar era um dos poucos objectos que tinha restado do conjunto de pertences da casa do meu avô materno. Por ele ter desaparecido era eu uma criança, nunca tive oportunidade de lhe perguntar se a presença desse busto era casual ou correspondia a alguma convicção mas, pelo que recordo do meu avô, bem pode ser a segunda hipótese a verdadeira. Gosto de pensar que assim é.
Mas a verdade é que me apercebi, neste último ano, que existem mais partidários da causa monárquica do que imaginava. No entanto, dos argumentos que tenho lido até agora, não me conseguiram convencer que a Monarquia é melhor que a República.
Em Portugal, ultimamente, enquanto uns preparam as comemorações das datas mais importantes desse período da história, outros falam da 1.ª República como um exemplo de como este regime não funciona. Para os primeiros, ela marca a época anterior à Revolução Nacional de 1926 (precursora da ditadura) em que foram testados os modelos de democracia mais avançados na altura. Para os segundos ela é uma época de instabilidade, em que se cometeram excessos gritantes.
É um facto que, devido a divergências entre os próprios republicanos, em 16 anos, cheios de conflitos, houve 7 parlamentos, oito presidentes da república e 46 governos. É um facto que os meios de divulgação deste novo regime, em todo o território, eram demasiado impositivos. É um facto, também, que as condições económicas em Portugal, agravadas pela 1.ª guerra mundial, eram atrozes, bem como indicadores como a taxa de analfabetismo, por exemplo. Mas fazer uma ligação directa entre a situação que se vivia nas ruas e a nova forma de organizar a vida política é não querer ver que as características de país periférico, com um desenvolvimento quase nulo, na maior parte dos sectores, tinha as suas raízes muito atrás.
Também se argumenta que muitos dos países mais desenvolvidos do mundo são monarquias. Mas dizer que uma coisa é causa e outra é efeito é algo completamente diferente.
As repúblicas, muitas e diversas, e as monarquias, muitas e diversas também, nunca foram regimes isentos de defeitos. Mas fundamental, para mim, é que assentar a representação de um país numa figura que esteja nessa posição por uma simples sucessão hereditária nunca será melhor que eleger, através do voto, essa figura. E eu que já participei em várias eleições que tinham como objectivo eleger o Presidente da República quero continuar a fazê-lo pois, mesmo que nem sempre os candidatos demonstrem a excelência que se deseja, somos todos nós a contribuir para a escolha e não a mera transmissão de informações genéticas de pais para filhos.
As pessoas aconchegam~se em colos alheios... e por uma ilusão.
ResponderEliminarainda não li.
ResponderEliminarmas de qualquer modo
sou republicano.
estava no Porto, ontem
vi o início das comemorações.
:)
Mais nada!
ResponderEliminar:)
A propósito do que acabei de ler lembrei-me do meu avô paterno e de um seu comentário à Revolução dos Cravos: desde que seja republicana...
ResponderEliminarHerdei os genes do meu avô!
Eu creio que esta onda de gosto monárquico tem a ver com o facto de as pessoas estarem descontentes e confundirem o que é a situação conjuntural com o regime.
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