A propósito do dia de hoje, em que se celebra o milagre do Sol em Fátima, lembrei-me que, em Maio passado, dois dias antes do dia 13, fui a Coimbra e, ao regressar a Lisboa, fiz grande parte do percurso pela EN 1. Foi então que constatei que os peregrinos que vão para Fátima estão envolvidos por uma organização montada de tal forma que parece perder-se um pouco do carácter de sacrifício, normalmente associado a tal peregrinação. Ora vejamos:
A estrada, onde tal é possível, encontra-se com uma divisória para os peregrinos circularem, fazendo com que a caminhada seja mais segura. Isto é reforçado pelos avisos constantes, aos automobilistas, através de painéis, da existência destas pessoas na estrada. Estas usam, na sua maioria, coletes reflectores que, nas suas cores vivas, os distinguem da paisagem.
Para além disto, a bagagem não lhes pesa pois é constituída, apenas, por bonés e garrafas de água. É que, tal como em provas desportivas, circulam, pelas bermas, dezenas de carros de apoio ao serviço dos peregrinos que transportam os seus haveres e que vão renovando os stocks de água para além de, em caso de necessidade, prestarem cuidados de enfermagem.
Mas há outros objectos que não deixam de acompanhar os peregrinos. O telemóvel é um deles. Não é fácil falar e caminhar ao mesmo tempo mas, pelo que vi, os fiéis não perdem a oportunidade de porem a conversa em dia com os seus conhecidos que ficaram em casa ou que andam mais à frente ou atrás no caminho.
Também os reprodutores de áudio digitais, sobretudo para os mais novos, estão presentes. Não sei se a música será religiosa ou não mas suponho que tornará menos penosa a viagem.
Por tudo isto estas peregrinações, feitas por devoção ou promessa, estão a mudar. Mas, no santuário, as imagens como esta de quem, indiferente aos efeitos, que deixam marcas no corpo, faz o percurso final de joelhos, continuam a impressionar-nos.
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