Desde há algum tempo, pelo menos desde a condenação de Isaltino, e, sobretudo, depois da sua vitória de ontem, tenho lido justificações, oriundas de diversas pessoas, que falam, sobretudo, da alteração sofrida pelo concelho de Oeiras desde que Isaltino Morais é presidente como se tudo o que tem acontecido de bom ao concelho fosse obra sua e como se nada tivesse sido feito de errado, ao longo destes anos. Ora como oeirense, de nascimento e residência e porque, por motivos profissionais, tive oportunidade de conhecer bastante bem o concelho, não posso deixar de dizer que as coisas não se passam bem assim. Alguns exemplos se seguem.
Em termos urbanísticos, a harmonia está longe de ser conseguida. Constrói-se muito e o facto de falarmos de habitação de qualidade, dirigida a um segmento de mercado com altos rendimentos, não desculpa a densificação de alguns locais e a construção em leito de cheias de algumas das ribeiras que atravessam o concelho.
Em algumas localidades do interior o investimento não é assim tão grande e, por exemplo, problemas de transportes são frequentemente motivo de protestos.
No que respeita à instalação de empresas de base tecnológica avançada e multinacionais, uma das bandeiras do presidente, tem a ver não só com as condições dadas mas com a localização do concelho na área metropolitana de Lisboa que o torna apetecível.
Aliás a localização e a acessibilidade fácil à capital é um dos mais fortes motivos que leva muitas famílias a procurarem Oeiras para viver e, como os preços das habitações são elevados, os rendimentos dessas famílias têm necessariamente que estar acima da média o que normalmente vem a par com a escolaridade também superior à média.
Apesar de algum investimento algumas das escolas públicas do concelho, geridas pela autarquia, deixam muito a desejar, com aulas a decorrer em pré-fabricados sem condições, com espaços exteriores degradados, sem pessoal de apoio suficiente.
Uma das questões mais faladas e que é dada, frequentemente, como exemplo, é a erradicação das barracas. Ora é um facto que Oeiras tinha muitas barracas mas o número não era comparável com o de outros concelhos, como a Amadora ou Lisboa; havia disponibilidade de terrenos e o mais importante: a comparticipação do Estado através dos vários programas de apoio que, em muitos casos, era aumentada pela necessidade de desocupação rápida de zonas onde as obras do estado precisavam avançar (caso da CRIL).
Ah, e também há buracos nas ruas de Oeiras…
Não quero com isto dizer que Isaltino não teve um papel importante na forma, globalmente positiva, como o concelho se desenvolveu. Quero sim relativizar esta ideia de autarca modelo que se lhe colou, de há uns anos a esta parte (o PSD deve estar mais que arrependido de ter feito passar essa ideia).
A realidade é que nunca saberemos se, com os meios de que dispôs, outro autarca não faria ainda melhor.
E não é indiferente o facto de, após um processo que supostamente decorreu de forma correcta, o tribunal o tenha condenado e ainda por cima com uma pena tão pesada. Não podemos aprovar que, mesmo beneficiando o concelho, a actuação de um presidente de Câmara seja legalmente e moralmente censurável. Não podemos dizer que todos são assim e que este, ao menos, até fazia alguma coisa… Não podemos achar que, por se ser político e fazer política se pode ultrapassar determinadas barreiras. Eu quero viver num concelho onde os problemas que existem sejam resolvidos de forma clara, por alguém que não levante estas suspeitas. Ao aceitar esta situação estamos a abrir caminho para a aceitação de outras, cada vez mais graves, até ao limite de a ética já não fazer parte das nossas exigências face aos políticos que nos representam. E isso pode ser muito perigoso. Por isso, e apesar de compreender a decisão de muitos votantes de Oeiras, não posso deixar de me sentir triste…
Em termos urbanísticos, a harmonia está longe de ser conseguida. Constrói-se muito e o facto de falarmos de habitação de qualidade, dirigida a um segmento de mercado com altos rendimentos, não desculpa a densificação de alguns locais e a construção em leito de cheias de algumas das ribeiras que atravessam o concelho.
Em algumas localidades do interior o investimento não é assim tão grande e, por exemplo, problemas de transportes são frequentemente motivo de protestos.
No que respeita à instalação de empresas de base tecnológica avançada e multinacionais, uma das bandeiras do presidente, tem a ver não só com as condições dadas mas com a localização do concelho na área metropolitana de Lisboa que o torna apetecível.
Aliás a localização e a acessibilidade fácil à capital é um dos mais fortes motivos que leva muitas famílias a procurarem Oeiras para viver e, como os preços das habitações são elevados, os rendimentos dessas famílias têm necessariamente que estar acima da média o que normalmente vem a par com a escolaridade também superior à média.
Apesar de algum investimento algumas das escolas públicas do concelho, geridas pela autarquia, deixam muito a desejar, com aulas a decorrer em pré-fabricados sem condições, com espaços exteriores degradados, sem pessoal de apoio suficiente.
Uma das questões mais faladas e que é dada, frequentemente, como exemplo, é a erradicação das barracas. Ora é um facto que Oeiras tinha muitas barracas mas o número não era comparável com o de outros concelhos, como a Amadora ou Lisboa; havia disponibilidade de terrenos e o mais importante: a comparticipação do Estado através dos vários programas de apoio que, em muitos casos, era aumentada pela necessidade de desocupação rápida de zonas onde as obras do estado precisavam avançar (caso da CRIL).
Ah, e também há buracos nas ruas de Oeiras…
Não quero com isto dizer que Isaltino não teve um papel importante na forma, globalmente positiva, como o concelho se desenvolveu. Quero sim relativizar esta ideia de autarca modelo que se lhe colou, de há uns anos a esta parte (o PSD deve estar mais que arrependido de ter feito passar essa ideia).
A realidade é que nunca saberemos se, com os meios de que dispôs, outro autarca não faria ainda melhor.
E não é indiferente o facto de, após um processo que supostamente decorreu de forma correcta, o tribunal o tenha condenado e ainda por cima com uma pena tão pesada. Não podemos aprovar que, mesmo beneficiando o concelho, a actuação de um presidente de Câmara seja legalmente e moralmente censurável. Não podemos dizer que todos são assim e que este, ao menos, até fazia alguma coisa… Não podemos achar que, por se ser político e fazer política se pode ultrapassar determinadas barreiras. Eu quero viver num concelho onde os problemas que existem sejam resolvidos de forma clara, por alguém que não levante estas suspeitas. Ao aceitar esta situação estamos a abrir caminho para a aceitação de outras, cada vez mais graves, até ao limite de a ética já não fazer parte das nossas exigências face aos políticos que nos representam. E isso pode ser muito perigoso. Por isso, e apesar de compreender a decisão de muitos votantes de Oeiras, não posso deixar de me sentir triste…
a ética ainda existe???
ResponderEliminarA ética existirá sempre, nem que seja como meta ideal a atingir, porque, se não, torna-se impossível concebermos a vivência em sociedade.
ResponderEliminarTriste país que eterniza gente desta qualidade como autarcas.
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