Nos dias tristes não se fala de aves
Nos dias tristes não se fala de aves.
Liga-se aos amigos e eles não estão
e depois pede-se lume na rua
como quem pede um coração
novinho em folha.
Nos dias tristes é Inverno
e anda-se ao frio de cigarro na mão
a queimar o vento e diz-se
- bom dia!
às pessoas que passam
depois de já terem passado
e de não termos reparado nisso.
Nos dias tristes fala-se sozinho
e há sempre uma ave que pousa
no cimo das coisas
em vez de nos pousar no coração
e não fala connosco.
in Filipa Leal, A Cidade Líquida e outras texturas, Deriva Editores, Porto, 2006, p. 27
Gostei muito.
ResponderEliminarObrigada, Analima :)
De nada :) Nascida em 1979, esta jornalista já demonstrou que a poesia portuguesa ganhou uma nova autora.
ResponderEliminar