Intenso filme este. Não só porque, através da vivência das personagens, podemos acompanhar os dias imperfeitos da Argentina, naquela altura, década de 70 do século passado; mas porque o protagonista, habituado que está, até por razões profissionais, a observar e a ver para lá do que é aparente, mantém essa capacidade, mesmo que tenham passado 25 anos sobre acontecimentos que o marcaram, quer profissionalmente, quer na sua vida pessoal.
E é exactamente nessa vontade de ver que reside a questão. Os nossos olhos podem dizer muita coisa e conter alguns segredos. Mas é fundamental que os outros saibam e queiram ver. Benjamin Esposito não desiste de o fazer. E nós que ali estamos temos a obrigação de estar atentos e aprender que, mesmo que os anos passem, não devemos nunca deixar de olhar os olhos dos outros.
Aliás o filme só termina quando, na última cena, a porta se fecha, não nos deixando acompanhar aquilo que adivinhamos sem precisar, nesse caso, ver.
Também vi, recentemente, este filme. E sim, olhar os olhos dos outros é fundamental, pois os olhos têm uma particular tendência para falar por si próprios, dizendo que recusamos à boca dizer.
ResponderEliminarMas atenção. O privilégio do olhar (juntamente com o ouvir) é próprio do nosso tempo. Tempos houve em que outros sentidos não eram menos comunicativos. O cheiro (de um Perfume), o toque de uma mão num braço e, porque não, a identidade contida num sabor.
Porque havemos de nos limitar? Querer sentir é mais que querer ver.
Tem razão. A visão é ainda um sentido usado quase em exclusividade por muitos. No entanto cada um dos outros é fundamental. No fundo é a combinação entre todos que formam a nossa percepção das coisas.
ResponderEliminarÉ mesmo um excelente filme, Analima. O tema do olhar está ali presente repleto de ambiguidades, é verdade.
ResponderEliminarGostei de ler a sua apreciação :)
(claro, a visão e o que por ela se mostra é apenas uma das formas de nos relacionarmos com o mundo - uma das mais intensas e, digo eu, autênticas.)
Pois, Ana Paula. No meio de tantos filmes que não nos dão nada é bom que, de vez em quando, apareçam alguns como este que nos transmitem emoções fortes.
ResponderEliminarTinha visto este filme e considerei ser um dos
ResponderEliminarmelhores que vi ultimamente. Hoje vi outro que
recomendo por ser também um fime de grande
qualidade "Whisky". Nem sei de qual gostei mais!
Felizmente cinema de outros países ! (sem ser
americanos...).
M.Júlia
M.Julia: agradeço o seu comentário. Ainda não vi o filme de que fala mas do que já ouvi e li fiquei bastante interessada em ver. Ultimamente têm aparecido, nas salas, filmes de vários países da América do Sul, mesmo que de há alguns anos atrás, como este Whisky, que têm sido boas surpresas. Tal como diz, é muito bom que algumas distribuidoras resistam e não apostem apenas em filmes mais comerciais, mas que não nos trazem nada de novo.
ResponderEliminarE como pode a paixão viver sem o olhar?
ResponderEliminarBem, acho que compreendo a tua dúvida. Mas essa tua questão fez-me lembrar, imediatamente, os que não vendo, de todo, conseguem viver grandes paixões (suponho eu que os há).
ResponderEliminarUma bela e ajustada descrição do filme.
ResponderEliminarGostei do perfil psicológico das personagens,
o 1º e o 2º oficial de justiça e a chefe deles!
Do "viúvo", gostei menos e
achei o encarceramento privado
uma tara um bocado forçada.
Os olhos da doutora, encantaram-me! :)
Compreendo tudo o que dizes, Vasco. Mesmo em relação àquela forma de justiça pelas próprias mãos. Mas, apesar de previsível no contexto do desenrolar do filme, não deixou de ser uma cena interessante. E também percebo o encanto pelos olhos da doutora. :)
ResponderEliminar:)) E, o filme era muito bom!
ResponderEliminar:)
ResponderEliminar