sábado, 5 de junho de 2010

Barreiras à circulação de peões

Quem é peão convicto como eu (no sentido em que só utilizo o automóvel quando ele é realmente necessário) sabe da dificuldade em circular a pé pela cidade. Os carros mal estacionados, frequentemente em cima de passeios ou a dificultar a visibilidade em passadeiras, os inúmeros elementos de sinalização vertical e suportes de informação que obrigam a uma atenção constante, os buracos que forçam o nosso olhar na direcção do chão, o que permite, simultaneamente, evitar os dejectos caninos e outros, sempre à espera que alguém os pise; e outras dificuldades tornam esta actividade uma verdadeira aventura.

E já nem falo de todos os que, por motivos vários, têm dificuldades acrescidas (os que se deslocam em cadeiras de rodas ou com carrinhos de bebé, os que têm visão ou audição limitadas), enfim, aqueles sobre os quais se convencionou dizer que têm mobilidade reduzida. Lembro sempre as vezes que acompanho, na rua, uma colega praticamente cega. É nessas alturas que esses problemas mais se colocam.

Todos estes problemas são causados pela falta de civismo de muitos cidadãos e automobilistas em particular e ainda pelos serviços responsáveis pela organização do trânsito na cidade, normalmente as câmaras municipais. Estas têm feito um esforço, nomeadamente disciplinando o estacionamento (embora nem sempre da melhor maneira) ou aumentando o número de espaços interditos a automóveis, tornando pedonais algumas ruas.

De vez em quando surge, no entanto, um exemplo contra corrente. O caso da Praça Duque da Terceira (Cais do Sodré) é um deles. Recentemente, à volta dessa praça, em todos os passeios, foram colocados uns pilaretes unidos entre si, à altura da cintura de um adulto médio. Estes elementos obrigam qualquer pessoa que necessite aceder à paragem de autocarros, que se encontra no centro, a circular toda a praça uma vez que os atravessamentos nas passadeiras que existiam foram abolidos. Ora quem chega à Praça, vindo do comboio, e quer ir apanhar algum dos autocarros a essa paragem tem duas opções: ou, como tenho visto, passa por cima da tal “vedação” e atravessa na mesma a praça, fintando os automóveis; ou circunda toda a praça, o que demora bastante tempo e nos obriga a passar não sei quantas passadeiras sem semáforos, obrigando-nos a ficar a olhar o autocarro que nos dava tanto jeito apanhar que, nesse preciso momento, arranca, indiferente ao nosso esforço de cumprir as novas disposições do trânsito. Mas então não era suposto ser facilitado o uso dos transportes públicos?

1 comentário:

  1. Penso frequentemente
    andarem a ser as "novas oportunidades"
    quem trabalha na gestão das regras de trânsito!

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