segunda-feira, 31 de maio de 2010

As várias cidades numa cidade

E lá fui eu à minha estreia no Rock in Rio “in Lisboa”. A cidade do rock revelou-se a cidade da publicidade. Não que existam muitos eventos em que a publicidade não esteja presente mas, neste caso, ela impõe-se e invade-nos, quer através dos filmes que passam nos ecrãs, quer através das actividades barulhentas das tendas, quer através dos desfiles de pessoas com roupas e adereços das marcas, quer através dos brindes que muitos exibem orgulhosamente como que a dizer: “estão a ver, eu consegui!”. Enfim, deve ser mesmo assim.

Quanto ao resto… eu já ia de pé atrás e as minhas expectativas confirmaram-se. Calor, poucas sombras para um parque tão grande, muita gente, muitas, muitas crianças, comida e bebidas vendidas a preços exageradamente altos, como é costume nestes casos…

E a música: não saí da zona do palco mundo (com alguns passeios à mistura, claro) e por isso vi os portugueses D’Zrt, Amy Mac Donald, McFly, e por fim, Miley Cyrus. Destes, os McFly ainda tiveram algum interesse. Quanto aos outros… As crianças, no geral, portaram-se muito bem, fizeram uma festa e aguentaram firmes até à Miley. O mesmo não se pode dizer dos cartazes que as minhas filhas prepararam para o efeito. As folhas de cartolina A2 em que manifestavam o seu apoio já não estavam em boas condições, depois de várias horas a serem mudadas de um lado para o outro. A rapariga, que pretende afastar-se da sua imagem de Hannah Montana, parece querer fazê-lo a todo o custo e nada melhor do que mostrar que já não é propriamente uma adolescente indefesa. Quanto à voz e às canções… quem sabe… talvez daqui a alguns anos.

Não deixa de ser, no entanto, bastante interessante, como as crianças, seus maiores fãs, aceitaram esta ideia de abandono da personagem de que tanto gostam, a favor de uma cantora e actriz por enquanto bastante medíocre.

Uma nota muito positiva para o apoio ao nível da saúde (o hospital de prevenção no local distribuía anti-histamínicos em força) e para a segurança (privada e polícias), quer à entrada, quer durante o espectáculo, quer à saída, que conseguiu “organizar” aquelas 88 mil pessoas, segundo ouvi dizer. E a propósito de 88 000, não posso deixar de pensar que a 58 euros cada bilhete… sinto-me até um pouco envergonhada quando penso nos motivos que levaram tantos às ruas de Lisboa também ontem.

1 comentário:

  1. Portugal no seu melhor: a grandeza da fachada!
    Temos tudo do melhor e do maior, e depois vamos ver mais de perto... ops...

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