Na semana passada, sem grandes expectativas, fui ver o filme Inimigos Públicos . O ambiente, marcado pela crise iniciada em 1929 nos EUA, parece-me bem retratado e o realismo está, sem dúvida, presente. Mas pareceu-me que se arrasta demasiado. E Johnny Depp não me convenceu. Não me consegui afastar dele e vê-lo como John Dillinger (um problema que, até agora, só me costumava acontecer com Leonardo Di Caprio - com excepção do "Diamante de Sangue").
Mas a questão que mais me deixou a pensar é de ordem técnica. O realizador utilizou câmaras digitais e a tecnologia HD (que até é diferente para os próprios actores pois permite-lhes actuar muito mais tempo, sem interrupções) torna o som e a imagem mais reais, mais vivos. As expressões tornam-se mais claras, mais nítidas. Quando a câmara se aproxima dos actores conseguimos ver os seus poros, as suas imperfeições. No caso do actor principal isso observa-se bem, o que, por deixar-se ver assim, só abona a seu favor. Tanto pelas imagens, como pelo som parece que estamos a ver o documentário do "making of" ou que estamos dentro da cena (no caso do tiroteio e da perseguição na floresta isso é mais sentido). Ora, sem querer parecer uma "velha do Restelo", a questão é: será que isso é bom? Será que é isso que queremos de um filme, entrarmos dentro dele ou mantermo-nos como espectadores, do lado de fora? É que, pode ser por ser o primeiro filme que vi assim filmado, mas o efeito que teve em mim esta tecnologia foi o de me dificultar a concentração no filme em si mesmo, chamando-me a atenção para questões que até agora me pareciam mais acessórias.
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