Já sabíamos que, com o aumento do número médio de anos de vida esperados, muitos dos que vivem mais tempo param de viver muito antes. Ou porque o envelhecimento do corpo (aqui incluindo o cérebro) os ultrapassa; ou porque as aprendizagens que fizeram ao longo da vida apenas os prepararam para, a partir de determinada altura, esperar a morte.
Já sabíamos que há quem pense, como a protagonista do filme, que, a terceira, ou a quarta idade não são uma morte antecipada. Já sabíamos que as histórias de amor não enquadradas no "socialmente correcto" têm consequências. Neste caso se, para os "novos amantes", elas são positivas, para quem se vê, no final da vida, mergulhado ainda em mais solidão, elas são trágicas.
Já sabíamos que há quem pense, como a protagonista do filme, que, a terceira, ou a quarta idade não são uma morte antecipada. Já sabíamos que as histórias de amor não enquadradas no "socialmente correcto" têm consequências. Neste caso se, para os "novos amantes", elas são positivas, para quem se vê, no final da vida, mergulhado ainda em mais solidão, elas são trágicas.
Já sabíamos isso tudo. Aliás nada do que neste filme se fala é novidade. A não ser que não estamos habituados a vê-lo no cinema. Fica, no final, a sensação de que não saberemos nunca qual a melhor decisão a tomar: se viver, se ouvir passar os comboios (alusão ao passatempo de uma das personagens).
Viver é arriscar e desiludir-se muitas vezes. Quando as desilusões são demasiadas, há quem desista de arriscar e se limite a deixar passar-lhe a vida ao lado ou a "ver passar os comboios".
ResponderEliminarE há ainda os que, mesmo sem grandes desilusões, não arriscam nunca...
ResponderEliminarObrigada pela visita (e pela referência).
Eu diria simplesmente que felizes são os que vivem apaixonados pela vida! Quem vive apaixonado é feliz como Sísifo que empurra uma pedra até ao cume da montanha, sabendo que quando estiver perto de lá chegar, ela vai cair de novo e que ele voltará a empurrá-la, num absurdo infinito. Mas quem vive apaixonado também consegue ser feliz sem fazer rolar pedras, pode simplesmente ser apaixonado por pedras que não se movem... Seria desprovido de sentido ver passar os comboios, se o prazer de os contemplar e de os ouvir fosse uma verdadeira paixão? É tão absurdo fazer rolar a pedra como não o fazer...Felizes os que vivem apaixonados...
ResponderEliminarEu sei que a capacidade para ser feliz (seja lá isso o que for) está em nós e não no que nos acontece e por isso muitas vezes não percebemos porque é que uma pessoa, contra todas as expectativas, é feliz. Mas, pegando no teu exemplo, será que Sísifo é feliz? (Vou ter que reler o Camus está visto!)
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