quinta-feira, 7 de abril de 2011

O Coliseu atirado aos leões

Há uns meses atrás quando ouvi a notícia relativa ao restauro do Coliseu de Roma, financiado por uma empresa que detém a marca de sapatos Tod's, não se falava em qualquer contrapartida a não ser a publicidade à empresa que nem sequer a faria directamente no monumento. Apesar de ter sentido alguma estranheza fui ingénua o suficiente para achar que as coisas eram mesmo assim.
Agora as notícias são um pouco diferentes. Não me parece propriamente uma privatização mas o acordo celebrado entre a empresa e o governo de Berlusconi dá demasiado poder a um privado sobre um bem que não é só de Itália mas do mundo inteiro.

Lembrei-me logo da canção do "meu" Vinicio, "Al Colosseo", aqui acompanhada de imagens do local:



5 comentários:

  1. Há factos realmente incríveis! e estão a passar-se aqui mesmo, neste nosso mundo.

    Muito bem assinalado, Analima!

    Um abraço :)

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  2. Quando li o teu texto, pensei, tal como tu, assim à partida, que não era boa ideia... mas à medida que fui lendo o artigo do Público, ocorreu-me que embora não tivesse sido um processo transparente e de discussão pública, o que talvez devesse ter sido, se nem o Estado, nem a cidade tem dinheiro para as obras, talvez seja um preço pequeno a pagar(os tais 15 anos de direitos e de eventual publicidade), pela manutenção de património mundial. A última vez que estive em Roma, o Coliseu estava em obras... é um monumento que requer obras de intervenção frequentes e de dimensão avultada. Cada vez mais, a intervenção de dinheiro de empresas privadas faz sentido, desde que os contratos salvaguardem os interesses culturais de todos. É o que penso. Cá? Venham elas as empresas, invistam nos monumentos degradados!Ántes isso que o abandono... digo eu...
    Beijinho

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  3. Pode ser uma excelente forma de preservar um património, ou não, mas obviamente que se alguém investe na recuperação de determinado monumento, faz sentido que detenha direitos sobre o mesmo, desde que o mesmo não seja desvirtuado. Preciso mais informação...

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  4. Não vejo problema, antes pelo contrário. Não há mais pequena possibilidade de os poderes públicos terem capacidade de manter todo o património em condições, até porque a nossa queda para patrimonializar não tem limites e o património cresce todos os dias. Sem a entrada de privados, uma significativa parte do património entra em ruína, fica ao abandono, degrada-se, desaparece.
    É o que está a ocorrer em Portugal, onde o preconceito contra a gestão privada de património público é enorme, e onde uma visão cristalizadora do património concorre para as dificuldades na sua rentabilização.
    Eu penso que, desde que efectivamente, repito efectivamente, estejam assegurados os interesses públicos, a gestão privada (com os respectivos benefícios próprios) é uma necessidade. Mais, é o dever de qualquer sociedade civil. Nos nos países onde ela é fraca, o paternalismo do Estado é necessário. Mas é a sociedade que produz o património e é para ela que se patrimonializa.
    O caso inglês é um bom exemplo, onde grande parte do património é gerido e rentabilizado por sociedades de direito privado ou por particulares. E não vale a pena tentar comparar o estado de salvaguarda e as condições de fruição delá com as de cá.
    Claro que com Berlusconi num negócio, há sempre razão para desconfiar. Mas, em teoria, não vejo problema.

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  5. Compreendo as questões que colocam. Na realidade esta seria uma das situações em que as relações entre o público e o privado deviam ser mais efectivas. Sei que em muitos países, como é o caso do nosso, as verbas públicas para a reabilitação ou a simples conservação do património são tão irrisórias que só com parcerias se conseguiria atenuar o problema. Mas se é certo que nem sempre as intervenções do Estado são feitas com o rigor necessário a experiência também me diz que quando são só os privados e sendo o objectivo final, o lucro, muitos aspectos que deveriam ser tidos em conta são esquecidos. E convenhamos que, neste caso em concreto, há vários motivos para desconfiar. Mas é uma oportunidade para observar o que se vai passar daqui para a frente. Pelo sim, pelo não, é melhor comprar uns sapatos Tod's se formos a Roma. Porque parece-me que quem os usar terá descontos na entrada. :)

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