domingo, 25 de abril de 2010

O meu 25 de Abril de 2010

Agora, passados 36 anos, penso em todos os dias 25 de Abril que passaram e que nunca deixei de comemorar, mesmo que apenas interiormente. E penso neste 25 de Abril de 2010 e aquilo que mais tenho presente, tal como então, mas já não tão centrada em mim, é a sensação de preocupação face à imperfeição que é esta nossa sociedade, que foi crescendo a partir de uma revolução que nos enche de orgulho.

O país mudou muito e as pessoas que nele vivem viram as suas vidas alteradas quase todas para melhor, mesmo aquelas que dizem o contrário.

Mas a verdade é que quando pensamos nas questões económicas, quando vemos a situação de pobreza ou pré-pobreza em que se encontram tantas famílias, tantos velhos, quando pensamos na educação, que não parece estar a cumprir a sua função, quando os exemplos que nos dão quem tem responsabilidades na administração da justiça nos fazem duvidar dela, quando os cientistas sociais nos apresentam as suas análises, quando vemos, ouvimos e lemos o descontentamento em tanta gente conhecida e anónima não podemos deixar de reflectir sobre o que fizemos mal, sobre o que não fomos capazes de fazer. E digo nós porque a liberdade que (re)conquistámos em Abril de 74 trouxe com ela a responsabilidade de, a partir daquele momento, todos termos um papel a desempenhar na forma como o país evolui. E, na realidade, parece-me que chegamos cada vez mais à conclusão que não o desempenhámos bem.

Estamos mesmo a precisar de encontrar a semente que alguém esqueceu num canto de jardim. Talvez dentro de nós. Terá sido aí que falhámos?

4 comentários:

  1. Não concordo inteiramente, mas é uma questão de pormenor.
    Com Abril, houve os que se chegaram logo à frente (mais espertos?) e puseram de lado alguns conceitos que tanto apregoavam. Foram tomando posse de praticamente tudo. Vemo-los todos os dias na tv e nos jornais.
    :)

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  2. Estes que vemos já são outros, mas são certamente herdeiros. Quanto aos conceitos, o poder faz certamente olhar as coisas de outra perspectiva.

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