segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

A sintaxe na campanha

Não discuto o facto de, na língua portuguesa, tal como em muitas das línguas mais faladas do mundo, haver uma sobre-representação do masculino face ao feminino e que tal matéria do domínio gramatical esteja relacionada com questões sociais associadas ao género, reforçando a invisibilidade das mulheres. Li um post interessante sobre esse assunto aqui.
Mas confesso que em certas circunstâncias, como a da campanha presidencial em curso, é demasiado repetitivo, soa a falso e torna-se absolutamente irritante esta insistência em dizer "portuguesas e portugueses", a que agora se acrescenta também "cidadãos e cidadãs" (ou "portugueses e portuguesas"e "cidadãs e cidadãos" que isto da ordem das palavras também é significativo) e outros pares de palavras no masculino e feminino.
Usar assim os substantivos não dá mais equidade à linguagem. O sexismo está na gramática. Pois. Mas há palavras cuja utilização é a mesma para os dois sexos. Há substantivos abstractos, nomes colectivos. Pode ser difícil, no caso dos habitantes deste país, deixar de dizer portugueses. Mas então digam portugueses! Compensem noutras palavras. A língua portuguesa é tão rica! Nestes 5 dias que restam de campanha usem a imaginação, por favor!

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