quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

16 minutos de leitura

A leitura de artigos de jornais e revistas através dos sites tornou-se um hábito cada vez mais enraizado. Confesso que eu, se no caso dos livros, até agora rejeitei qualquer outra coisa que não o papel; já no que respeita a jornais e revistas (com poucas excepções) leio bastante o que está disponível on line. E só há pouco tempo reparei que, em algumas publicações, no início dos artigos, entre as várias indicações fornecidas, se encontra o tempo previsto para a leitura. Será certamente uma média. E como será calculada? A primeira vez que resolvi verificar li em 11 minutos uma entrevista que estava indicada como correspondendo a "16 minutos de leitura". Claro que se lesse a seguir, ou noutro dia, ou com um objectivo diferente, o tempo seria outro. Podíamos até fazer muitos exercícios: ler sem interrupções, ler com e sem luz apropriada, com e sem sono, em casa, no comboio... Já para não falar das diferenças de pessoa para pessoa com um dos candidatos a Presidente da República em Portugal a bater todos os recordes... 
É esta ideia de que tudo tem que estar programado, que temos que ter a informação toda disponível, diminuindo as hipóteses de nos perdermos na leitura, de a suspender, sem a liberdade de nos surpreendermos na gestão do nosso tempo, que soa estranho nesta situação.
Imaginemos esta informação aposta nas capas dos livros. Qual a unidade de medida a utilizar? Uma universal? Minutos para pequenos ensaios? Dias para obras como Guerra e Paz de Tolstoi ou Em Busca do Tempo Perdido de Proust?  E as editoras pagariam a "medidores de tempo de leitura" antes dos livros serem lançados ou atribuiriam, automaticamente, uns minutos a cada página? Já estou a ver um cliente numa livraria: "tenho livres as próximas duas horas; o que é que tem aí para esse tempo?".
Mas voltemos à leitura do artigo que me fez lembrar este assunto: bolas, com estes pensamentos, ultrapassei largamente, os 24 minutos previstos...

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