Estavam no passeio. Ela segurava-o mas parecia que por pouco tempo mais aguentaria o seu peso. As pernas dele tremiam. Abeirei-me deles e perguntei se precisavam de ajuda. Disseram logo que sim. A sua casa ainda ficava um pouco longe. Mas bastava chegarem até à parede para ele se poder encostar que já ficavam bem, pelo menos até à chegada da filha que os vinha buscar. Durante longos minutos tentámos fazer o percurso de pouco mais de 2 metros. A sua mulher de um lado e eu do outro tentávamos ajudar as pernas a avançarem em pequenos passinhos. Mas elas recusavam-se a colaborar.
Eram já 89 anos e desde que, há alguns meses, um AVC tinha tornado tudo mais complicado pouco saía de casa. Tinham ido votar. Para lá não tinha sido fácil mas com esforço conseguiram. Mas o regresso estava a ser impossível. Falei-lhes nos transportes que os bombeiros e juntas de freguesia costumam fazer em dias de eleições em situações como a sua. Não sabiam disso.
Numa das pausas do seu esforço para avançar não resisti e comentei: o senhor é um exemplo! Tantas pessoas de boa saúde que passarão o dia sentadas sem irem votar e o senhor, com tanta dificuldade, não deixou de o fazer. Um pouco surpreendido respondeu-me: - Ora, é a minha obrigação!
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