O dia de calor convidava ao recolhimento em algum local onde o ar condicionado ajudasse a suportar a tarde. À falta de um café, como os que existiam há umas décadas, o MacDonald’s, apesar do cheiro enjoativo característico, parecia uma boa opção.
Numa das mesas quatro amigos conversavam. Nela não havia tabuleiros com os restos das refeições mas pequenas pastas de onde saíam fotografias que passavam de mão em mão. Todos queriam ver e todos faziam comentários. O dono das fotos dizia: “esta foi nos meus anos, no restaurante x” ou então: “nesta faltam 3 netos, não estavam cá.” Os outros comentavam: “ah, este é o que trabalha na televisão? “ ou “esta é tal e qual a mãe”. Nenhum empregado se atrevia a dizer-lhes que estavam a ocupar uma mesa que seria necessária para outros clientes se sentarem. Para eles só o seu grupo e as suas recordações interessavam. E elas eram tantas. Nenhum dos quatro tinha menos de 80 anos.
MacDonald's for ever... e dizem que faz mal à saúde. Bocas.
ResponderEliminarÉ mais estômagos...
ResponderEliminarÉ como nos edifícios que ficam reduzidos à fachada. Os McDonalds destruiram quase todos os programas decorativos dos antigos cafés que substituiram, apagando-lhes a memória. Alguns dos clientes desses outros espaços recusam-se a perdê-los e, por isso, aí se sentam, porque é parte da sua história.
ResponderEliminarNeste caso particular não tenho a certeza. Mas, de uma forma geral, provavelmente tens razão, António. É uma resistência, não sei se organizada, mas que vai fazendo o que pode...
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