sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Aviso à navegação

Por motivos de ordem técnica a que não sou alheia mas que, dada a minha aselhice informática, não consigo resolver vejo-me obrigada a ficar afastada do mundo maravilhoso da www, por tempo indeterminado. Logo que os problemas que transformaram o meu computador num objecto inanimado se resolverem (e espero que isso aconteça brevemente) regressarei.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Operação adiada

A operação estava marcada há algumas semanas. A pedra na vesícula biliar iria finalmente ser retirada. No dia marcado C. apresentou-se no hospital e deu entrada a seguir ao almoço. Durante o resto do dia esteve a soro e fez todos os preparativos. No seu caso o apoio de uma auxiliar tinha que ser constante devido à sua cegueira. Para tomar duche ou apenas ir à casa de banho precisava de alguém presente. A tensão arterial reflectia o seu estado de ansiedade e, por várias vezes, teve que tomar medicamentos para a baixar. Para dormir também só com calmantes.

No dia seguinte repetiu-se tudo até às duas da tarde, hora a que foi chamada para o bloco operatório. Antes ministraram-lhe mais um medicamento para ajudar a debelar a ansiedade que a situação causava. Aguardava a anestesia mas a verdade é que já estava meio a dormir.

Depois lembra-se de estar já mais desperta. Foi nessa altura que lhe contaram o sucedido: o telefonema da médica anestesista informando que estava doente e não poderia ir trabalhar; a constatação de que não havia outro médico disponível; a impossibilidade de evitar o adiamento da intervenção. Quando estava bem acordada percebeu finalmente: o estado de ansiedade não terminaria nesse dia. O médico veio mais tarde pedir-lhe desculpas pelo sucedido. C. aceitou-as com resignação. O que poderia ela fazer?

Para a semana há mais. Os preparativos repetir-se-ão mais uma vez. E pode ser que, dessa vez, ninguém adoeça.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Hoje é o dia?



Do novo álbum, "Jasmine", de Keith Jarrett e Charlie Haden.

Confusão de nuvens

- E aquela chuva ontem!? Dizia a senhora no autocarro para um seu conhecido que tinha encontrado. Ainda me molhei bastante.

- Mas estava calor na mesma, disse ele.

- Pois. Sabe o que provocou a chuva? Foram os incêndios. Aquele fumo todo cria aquelas nuvens.

Já sabíamos que os incêndios, ao desprotegerem os solos, facilitam a acção destruidora da água, em casos de chuva intensa. Agora que eles próprios provocavam chuva… Mas olhem que seria uma óptima ideia uma vez que a resolução de um incêndio já estaria contida no próprio incêndio. E para combater a seca? O segredo seria fazer umas queimadas?

terça-feira, 24 de agosto de 2010

"Como se faz uma tese" de Jorge Amado

Foi o que pediu a senhora à funcionária que estava ao balcão das informações da FNAC.

Esta perguntou: - tem a certeza?
- Sim, respondeu a senhora.
- Mas não é Jorge Amado, o escritor brasileiro, pois não?
- Ah, não sei…
- Nós costumamos ter é o “Como se faz uma tese” de Umberto Eco.
- Ah, deve ser isso…

Pois deve. E para se fazer uma tese também se deve saber a diferença entre Jorge Amado e Umberto Eco.

Declaração de intenções

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Duas exposições

Integradas ambas nas comemorações do Centenário da República, visitei a exposição "Viva a República", que está na Cordoaria Nacional e a exposição "Povo - People", no Museu da Electricidade.

Da primeira, que "pretende reproduzir os acontecimentos fundamentais do período da I República e do Republicanismo e relembrar os seus ideais cívicos, as suas principais realizações e os seus grandes protagonistas" lembro sobretudo a sua grande dimensão e o calor imenso que se fazia sentir no dia em que a visitei, no início de Julho. A falta de ar condicionado naquele caso é uma falha grave. Quanto à exposição pareceu-me que o objectivo é atingido mas o excesso de informação, em textos, fotografias, filmes leva-nos a um cansaço muito pouco pedagógico.

A segunda "propõe ao público/povo de hoje várias respostas possíveis através de uma nova reflexão visual, estética, simbólica, sociológica e política sobre a génese e a evolução do conceito de POVO". E, confesso, foi uma boa surpresa. As obras expostas são muito interessantes e a própria organização do espaço está muito bem conseguida, havendo uma interacção muito eficaz entre o povo / público e o povo / móbil da exposição. A ver.

sábado, 21 de agosto de 2010

António Assunção


No teatro vi-o apenas uma vez. Na televisão, “Zé Gato” e “Duarte & C.A” foram séries das quais eu não perdia um episódio. Não encontrei qualquer vídeo com actuações dele mas eu gostava muito de o ver representar.

António Assunção, que nasceu em Paços de Ferreira em 29 de Agosto de 1945, faleceu em Nova Iorque a 20 de Agosto de 1998. Teria certamente ainda muito para nos dar. Mas o que nos deu deixou boas recordações.

(na foto, no papel de Tó em "Duarte & C.A.")

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Crimes inconcebíveis

Isto da educação dos filhos é mesmo assim. Há dias em que questionamos tudo por nos parecer que não conseguimos atingir os objectivos a que nos propusemos. Há outros em que parece que até estamos a chegar lá. Hoje foi isso que aconteceu.
A propósito desta notícia as minhas filhas quiseram saber porque razão alguém comete este tipo de crimes. Não foi nada fácil explicar. Percebi que a dificuldade se ligava ao facto de  estas atitudes não encaixarem no tipo de situações concebíveis para elas. É bom poder constatá-lo.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

El cuerpo. El hombre.

“El hombre convive con su cuerpo, pero no lo conoce. Al menos no de un modo exhaustivo. Un hombre y su cuerpo son realidades distintas. Seguramente eso es lo que permite comprender la esencia última del dolor, que no es otra que el desgarro que produce la indiferencia del cuerpo hacia uno mismo. Un dolor de muelas, obstinado y sordo a nuestro deseo, basta para advertir semejante drama. Y seguramente también eso es lo que permite a un ser humano conservar su nombre, su dignidad, aquello que más íntimamente posee, cuando su cuerpo, en la enfermedad, la mutilación o la vejez, ya no le pertenece.

Para entender lo que es un hombre no basta con tomar nota de las partes que lo conforman. No basta con escribir: «Kurt Crüwell es la suma de sus dos piernas, su sistema límbico, su intestino, su pituitaria y sus gónadas.» Hay algo en el todo del hombre que se resiste a ser contemplado a través de la mera adición de partes que lo componen. Suponer que esas partes mantienen una vida independiente del hombre que las reúne, implica algo más que una metáfora. En el sexo, cuando el cuerpo se impone y el hombre se ve desbordado por su propia materialidad, o en el esfuerzo físico extremo, cuando los pulmones no responden a la exigencia que de ellos se espera y, por ejemplo, un corredor se derrumba antes de alcanzar la meta, tal evidencia resulta incuestionable.

De ese modo, el cuerpo lleva, hasta cierto punto, una vida independiente de la inteligencia que lo habita, y por eso filósofos y escritores, sin por ello apelar a instancias míticas o refugiarse en el oscurantismo de la religión, pueden seguir pronunciando palabras como alma o autoconciencia. Un hombre sin cuerpo puede saberse a sí mismo. Un hombre que ve su cuerpo desmembrarse, quemarse, empodrecerse, no por ello deja de ser hombre.

No es menos obvio, sin embargo, que el cuerpo, en la vida práctica, es la frontera que se levanta entre cualquier hombre y sus iguales, o entre cualquier hombre y el lugar donde su tiempo transcurre: el mundo. Porque el hombre siente y conoce el mundo, fundamentalmente, a través de su cuerpo.

Ante las agresiones del mundo, el cuerpo se protege. Un bacilo activa sus defensas; un chaparrón eriza el vello en brazos, nuca y piernas; un alimento envenenado afloja los esfínteres. Pero ¿y el horror? ¿Cómo reacciona el cuerpo de un hombre ante la presencia del horror? Grita, sí. Y hace que el corazón bombee más sangre, sí. O, por el contrario, paraliza sus músculos para no ser agredido. El espectro de respuestas que el horror genera en el cuerpo es amplísimo. El cuerpo sorprende entonces por su plasticidad. Hay cuerpos que se atenazan y cuerpos que se liberan; hay cuerpos que se arrastran y cuerpos que se elevan; hay cuerpos que interrogan y cuerpos que responden. ¿Pero puede un cuerpo dimitir de la realidad? ¿Puede un cuerpo, ante la agresión del mundo, ante la fealdad del mundo, ante el horror del mundo, sustraerse a sus funciones, negarse a seguir siendo cuerpo, suspender sus razones, abdicar de ser lo que es; esto es, abdicar de ser una máquina sensible? ¿Puede un cuerpo decir: «Basta, no quiero ir más allá, esto es demasiado para mí»? ¿Puede un cuerpo olvidarse de sí mismo?”


in Ricardo Menéndez Salmón, La ofensa, Seix Barral, Barcelona, 2007, p. 55-57.


segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O que sobra...

do interior deste edifício é isto:


Já deve dar para dizer aos futuros compradores ou simplesmente utilizadores do espaço que é um edifício reabilitado... É que fica sempre bem...

sábado, 14 de agosto de 2010

Ora ponha aqui, ora ponha aqui o seu pezinho...


Old men in MacDonald’s

O dia de calor convidava ao recolhimento em algum local onde o ar condicionado ajudasse a suportar a tarde. À falta de um café, como os que existiam há umas décadas, o MacDonald’s, apesar do cheiro enjoativo característico, parecia uma boa opção.

Numa das mesas quatro amigos conversavam. Nela não havia tabuleiros com os restos das refeições mas pequenas pastas de onde saíam fotografias que passavam de mão em mão. Todos queriam ver e todos faziam comentários. O dono das fotos dizia: “esta foi nos meus anos, no restaurante x” ou então: “nesta faltam 3 netos, não estavam cá.” Os outros comentavam: “ah, este é o que trabalha na televisão? “ ou “esta é tal e qual a mãe”. Nenhum empregado se atrevia a dizer-lhes que estavam a ocupar uma mesa que seria necessária para outros clientes se sentarem. Para eles só o seu grupo e as suas recordações interessavam. E elas eram tantas. Nenhum dos quatro tinha menos de 80 anos.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Os lados da vida

É quando parece que só conseguimos ver o lado mais escuro da vida... que esta canção faz mais sentido.

Mudar é preciso

Fui finalmente ver a exposição. A não perder, mesmo.

Desde a mais antiga (1972) à mais recente (2010) todas as fotografias estão datadas e localizadas espacialmente. No entanto, podiam ter sido tiradas há muito, muito mais tempo, que seriam sempre aquelas fotografias.

Um fotojornalista que soube ver a realidade como só os grandes fotógrafos conseguem fazer. E que olha para elas também com o olhar de quem, como nós, as vê pela primeira vez.

É assim que vamos do Bairro da Mina, Amadora, em 1972, onde uma criança remexe o lixo, numa lixeira a céu aberto, até à única imagem que tem título – Desemprego - em 2010. Passamos pelo dia 25 Abril de 1974, em Lisboa e vemos imagens da Ponte Aérea Luanda-Lisboa em 1975. Em 1988, na Rua do Carmo, em Lisboa, uma mulher traz nos braços duas crianças e no rosto uma expressão de angústia difícil de esquecer. Dois anos depois, em 1990, no Rio Maputo, Moçambique, crianças brincam felizes. Em 1991, enquanto Mário Soares fazia campanha, na praia da Ilha de Faro, para a presidência, crianças acumulam-se num orfanato na Roménia. De 1997 são duas fotografias fantásticas de um trabalhador nos estaleiros do Douro e de um outro nas vindimas do Douro. Da bênção do gado em Vila Verde (2000) chega a foto do cartaz da exposição e de Timor, em 2006, uma criança agarrada às mãos de uma velha, talvez sua avó. A romaria de S. Bartolomeu do Mar, em Esposende (2009) é também um local de magníficas fotos.

Estas são só algumas das fotografias cheias de significado que podemos ver. E porque o texto que acompanha a exposição, da autoria do próprio, diz muito sobre o trabalho deste fotógrafo e sobre esta exposição em particular deixo-o aqui.

“Assistimos a uma revolução política que prometia resolver todos os problemas dos portugueses. Assistimos a uma revolução tecnológica que anunciava um dia-a-dia fácil e leve. Assistimos ao nascimento de vários países, ao fim do fascismo, ao fim do colonialismo, ao fim do comunismo. Estamos em pleno turbilhão do sistema capitalista. Assistimos a tudo isto e, no entanto, chegámos sempre aos mesmos resultados: gente que vive em drama, em miséria, na infelicidade. Parece que a tragédia nos persegue, parece que não conseguimos sair do mesmo sítio.

Às vezes olho para estas fotografias e penso que o tempo não passou: o país neo-realista dos anos 60 ainda existe, para lá das auto-estradas, para lá dos centros comerciais, para lá das periferias das cidades. Por vezes interrogo-me: será que continuamos no mesmo sítio?. Não sei por que é que não saímos daqui, desta pobreza, desta melancolia, desta lassidão que parece tolher-nos os movimentos, que nos impede de avançar.

Durante estes últimos 40 anos fiz milhões de fotografias. Penso que aprendi várias vezes a mesma profissão. Fotografei em vários formatos, com várias tecnologias, com as mais diversas influências. O resultado, numa aparente ironia patética, é sempre o mesmo: nestas fotografias, nas minhas fotografias, parece que o tempo parou. É uma situação paradoxal. Mas é também a história do meu trabalho: estas imagens, algumas delas chocantes, brutais, trágicas, são imagens que me acompanharam, que me transformaram naquilo que eu sou.

Não sou artista, sou fotojornalista profissional. Após vários trabalhos em jornais, revistas, agências noticiosas, televisão e internet, confronto-me com a situação estranha de me encontrar no mesmo sítio, no mesmo ponto de partida. Durante estes quarenta anos, no entanto, não andei em círculos. Acontece que agora, como no princípio, como sempre, o que me interessa são as pessoas: as suas dores, o seu quotidiano, também as suas alegrias, mesmo que a pobreza, o desemprego e a angústia, visível, fotografável, nunca desapareçam totalmente.

Gostava que estas fotografias, um relato de 40 anos, para além de mostrarem a repetição dos erros da sociedade que fomos construindo, nos mostrassem também um caminho para sairmos deste sítio onde estamos, afinal, parados há tanto tempo.”


terça-feira, 10 de agosto de 2010

Herman e Manuel

Para quem, como eu, ainda considera Herman José, um humorista inigualável; e para quem, como eu, acha que Manuel Marques é espantoso nas suas imitações de figuras públicas não deve perder o vídeo do último programa “Herman 2010”, sobretudo aos minutos: 19:18, 25:08 e 29:45. Divirtam-se!

The poet in the bubble



O poeta que quase morreu afogado está novamente rodeado por um oceano. Desta vez envolve-o um aquário gigante de plástico com um interior cheio não de água mas de ar (condicionado). Chamaram-lhe Aquário da Palavra, "um espaço de leitura e tertúlia, de homenagem à lusofonia… no âmbito do Festival dos Oceanos". Lamento a sorte do poeta e a minha que, em vez de uma praça agradável, tenho um mamarracho a invadir a paisagem e música debitada através de umas colunas que, quer se queira quer não, distribuem o som até longe (espero que dentro do tal aquário não se ouça).

Mais uma vez parece-me que esta animação imposta no âmbito de eventos vários é muito, muito discutível. Durante o Verão, então, a poluição sonora e visual durante dias e dias na cidade confunde-me. A poesia portuguesa talvez me fizesse entrar num aquário. Mas neste ainda não tive qualquer vontade de o fazer.

domingo, 8 de agosto de 2010

Almoço de domingo

De um lado o rio. Do outro a grade que os separa da linha do comboio. Uma lona azul cobre a estrutura improvisada de madeira. Mesa, cadeiras, fogão, geleiras estão ali para servir o propósito de fazer uma refeição domingueira fora de casa. Há muitos anos que aqueles casais cumprem o mesmo ritual. A passagem do comboio não parece perturbá-los. A vista do rio, que ali não é particularmente limpo, parece compensar o barulho e a trepidação que acontecem a intervalos regulares. Sentados à mesa, à vista de todos, mas num momento só deles, quase íntimo, aquele é o almoço mais importante da semana.

Os livros também se pintam

Não era esta a pintura mas era a reprodução de um quadro de Menez que tinha no meu quarto, durante muitos anos, até deixar a casa dos meus pais. Nele os livros tinham também um papel fundamental. Olhar para aquele quadro era olhar para o meu quarto dentro dele.


Foto aqui.

Carteiros e Cinéfilos

A distribuição da correspondência postal, que continua a fazer-se apesar dos meios electrónicos, está agora a cargo de uma nova geração de carteiros que com os seus coletes cinza (e rabo de cavalo – pelo menos em Lisboa parece ser uma condição -) vão puxando o saco com rodas de porta em porta. Nem todos serão assim, claro, mas estes de que falo não são como o de Pablo Neruda, que precisava da ajuda do poeta para aprender a fazer versos. Bem, versos não sei. Mas, num dos dias da semana passada, dois carteiros conversavam enquanto o autocarro os levava até à estação base. O tema era um filme. Não percebi qual era. Mas seria do final dos anos 70 do século passado e seria um remake de um outro dos anos 20. A forma como se referiam ao argumento, à duração, aos efeitos especiais, e outras questões mais técnicas, dava a perceber que conheciam bem a linguagem e a temática.

Filmes com carteiros como principais personagens há alguns. Agora já podem ser analisados por quem sabe, verdadeiramente, do que está a falar.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

No metro

A sua pele escura, onde sobressaíam as veias, desenhadas num relevo irregular, era de uma cor muito bela. Sentado à minha frente, eu não conseguia deixar de reparar na roupa impecavelmente engomada, nos sapatos bem engraxados, no relógio dourado, na forma como as suas mãos seguravam o boné … E no rosto: o ar de sabedoria de quem, do muito que aprendeu na sua vida já tão longa, soube reter o que era mais importante… Subitamente apeteceu-me interrompê-lo e saber o que guardava ele de tão fundamental… que lhe dava aquela aparência de harmonia, que fazia com que transmitisse essa harmonia ao seu redor. Não o fiz, no entanto. Limitei-me a olhá-lo.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

As histórias dos brinquedos são as nossas histórias

Eu já sabia que iria valer a pena. Não fosse o maldito 3D e a necessidade de usar aqueles óculos e teria gostado ainda mais deste filme.

“Mãe e se, sem nós sabermos, os brinquedos na vida real forem como os do filme e ficarem vivos quando nós vamos embora?”, perguntava a M. no final. A minha resposta, a apelar para a racionalidade e a incluir exemplos mais afastados no tempo, como os das personagens criadas por Hans Christian Andersen, não me pareceu que a tivesse convencido. Pelo sim, pelo não, ela que raramente brinca com brinquedos, desde que, no computador, os cria virtualmente, resolveu que alguns brinquedos vão ficar sempre consigo e quando chegou a casa não resistiu a abrir o cesto, que há muito não era aberto, para cumprimentar velhos companheiros de brincadeiras.

Quanto ao filme vale a pena acompanhar as alegrias e o sofrimento dos brinquedos do Andy. Cada um deles tem um perfil muito definido e mesmo as novas personagens têm características muito próprias que nós conseguimos compreender pela sua história passada (sim, aqui os brinquedos também têm uma história própria).

A sua consistência que faz com que, mesmo sendo brinquedos, estejam também obrigados às contingências observadas nas personagens do mundo real leva-nos a esquecer, por vezes, que se trata de animação. E esta é, como sempre, excelente. E continuo a adorar o Sr. Cabeça de Batata.

Ver este filme é um prazer. E não venham com a desculpa que não vêem porque já são adultos. É por serem adultos que o devem ver.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Uma das razões/poemas porque gosto de João Luís Barreto Guimarães

Poema

Quem vai do Porto para Leça ao
longo da auto-estrada (divisando
os navios sobre o porto de Leixões)
no fim da ponte à direita vira
para o centro hípico
(serpenteando a avenida tendo
por bombordo o cais)
adiante vê o forte da Senhora das Neves
alguns cem metros à frente começa
a marginal. Daí já se vê o farol
para lá dos prédios brancos -
não é difícil achar lugar para estacionar.
Toca no sexto direito. Estou
sempre por aqui. Ou senão
não venhas hoje.
Faz como te apetecer.

in João Luís Barreto Guimarães, A Parte pelo Todo, Edições Quasi, Vila Nova de Famalicão, 2009, p. 43

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Já foi decretado...

este "Embargo". Agora falta só entrar em vigor. É para finais de Setembro.

Aqui fica uma canção da banda sonora original. Sim, é o fabuloso J. P. Simões.