• Que o PR nunca fez qualquer referência a escutas em nenhuma declaração ou escrito oficial anterior.
• Que pensa que há “destacadas personalidades do partido do governo” que mentem.
• Que, apesar de estar convencido de que havia um complot para “puxar o Presidente para a luta político-partidária, encostando-o ao PSD” e “desviar as atenções do debate eleitoral das questões que realmente preocupavam os cidadãos” e havendo dúvidas na opinião pública, relativamente à actuação de um membro do seu staff, "procedeu a alterações” na sua Casa Civil.
• Que, além do e-mail trocado entre jornalistas e que esteve na origem deste “caso”, também houve e-mails da presidência envolvidos.
• Que, mostrando alguma ingenuidade acerca do assunto, percebeu que as informações guardadas nos sistemas informáticos nunca estão suficientemente protegidas.
• Que, a presidência da república não leva muito a peito essas questões da segurança informática pois nunca antes deste episódio a questão se tinha posto.
• Que, apesar deste assunto se arrastar há algum tempo, só hoje conseguiu ouvir “várias entidades com responsabilidades na área da segurança”.
• Que se considera vítima de “graves manipulações”.
• Que “foram ultrapassados os limites do tolerável e da decência”.
Se tudo isto, como parece, tem como alvo o partido que ficou à frente nas eleições de domingo, cujo líder, de acordo com o que é suposto, deverá ser convidado, por Cavaco Silva, a formar governo, qual a atitude que o Presidente tomará? Parece-me que nem os argumentistas mais experientes conseguirão "descalçar esta bota".
Ao contrário do que o porta-voz do PSD disse após esta comunicação parece-me que se percebeu porque é que o Presidente não falou antes sobre este tema. É que se arriscaria a contribuir para uma maior votação no PS.
Mas para alguma coisa serviu esta intervenção. Não tendo apresentado novos argumentos, nem nada de concreto para sustentar as suas suspeitas, Cavaco Silva quis partilhar com todos nós a sua leitura pessoal de certas notícias, incluindo as suas dúvidas e desconfianças, mostrando que, tal como os sistemas informáticos, também tem as suas vulnerabilidades. Ora isso é de se louvar. Finalmente mudou a sua opinião em relação àquela célebre frase do “quase nunca tenho dúvidas e raramente me engano” (ou será que é ao contrário?)!