domingo, 18 de abril de 2010

À deriva

Egon Schiele é um dos meus pintores favoritos. Discípulo de Klimt, fez, no entanto, uma utilização muito mais comedida da cor que o seu mestre e aproximou muito mais da realidade, e menos do nosso lado onírico, aquilo que pintou.


Deste quadro retenho os cabelos espalhados em ondas, os lençóis revoltos, o movimento, a aparente tempestade de sentimentos que nos faz pensar num par de amantes à deriva num mar.

Die Umarmung (Liebespaar II), Egon Schiele, 1917
Imagem aqui.

4 comentários:

  1. Inesgotável, transgressor. A sua representação do corpo humano, no que este tem de mais real e, por isso, menos de acordo com os cânones da beleza, são uma lição e foram uma pedra no sapato da sociedade da sua época. Apelidado por muitos de "pornográfico", não deixou nunca, na sua curta vida, de pintar da forma como sentia que devia fazer.

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  2. Há qualquer coisa que me lembra Paula Rego. Creio que para além da forma específica de "retratar" os corpos, são as posições, fugindo às poses canónicas e aproximando-se à realidade, bela, de corpos contorcidos, embrulhados e expostos na sua naturalidade.
    A "fusão" de corpos sugerida sem dúvida que lembra Klimt.

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  3. Sim, Paula Rego também parece ter andado por aqui. Quanto a Klimt, em muitos dos seus trabalhos, Schiele retoma os seus temas reinterpretando-os. Um dos seus quadros é uma provocação a “O Beijo”. E se, no caso de Klimt, as personagens parecem encontrar-se numa situação idílica, já o seu “Cardeal e Freira” é um desafio às convenções mais estabelecidas. :)

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