domingo, 30 de novembro de 2014

Numa noite fria, no Alentejo

Na sala do lado, a do restaurante, as vozes, só de homens, misturavam-se naquele burburinho normal das refeições em conjunto. De repente, silêncio. E então, de forma que me pareceu espontânea, eles começaram a cantar. Eu estava de saída do bar daquele hotel. Aquelas vozes, naquele lugar de paredes brancas, fizeram-me sentir arrepios e ficar. Permaneci à escuta. Não havia na sala mais ninguém para lá daqueles homens. Eles cantavam para si, uns para os outros, numa comunhão de emoções que partilhavam por puro prazer. Talvez pela situação inusitada senti aquele como um momento mágico e não mais o esqueci.

(Este episódio passou-se há poucos anos, num hotel em Portel.) 

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