Habituei-me a vê-la na rua. Sempre de chinelos de enfiar no dedo, de Verão e de Inverno. Aproveitava as portas entreabertas e esgueirava-se para o interior dos prédios, muitas vezes só para dormir nalgum canto mais escuro. O seu ar era sempre de alguém a quem o cansaço nunca deixava. Desta vez vi-a no centro comercial. Era um dia de semana à noite e pouca gente andava por ali. Provavelmente ninguém reparou nela. Dormia num sofá no meio do corredor, o corpo dobrado, a cabeça pendente para um dos lados. Estava descalça mas, numa das mãos, segurava um par de sapatos.
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