quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Magdalena Carmen

Nunca apreciei especialmente a pintura de Frida Kahlo. Provavelmente não compreendo inteiramente o sofrimento excessivo dos seus quadros, inspirados na sua vida que foi curta mas cheia de momentos terríveis. E não é fácil compreender o que sentiria alguém tão duramente marcada pela dor física e pelas pequenas e grandes tragédias do seu preenchido quotidiano. André Breton terá escrito que a sua obra era surrealista. Frida terá dito depois que tal não era verdade pois nunca pintou sonhos mas a sua própria realidade. 
É dessa realidade que podemos espreitar alguns episódios na exposição organizada pela Casa da América Latina de Lisboa que está, até ao final do mês, no Museu da Cidade. 
E a verdade é que, se a sua pintura não me entusiasma, sempre admirei a forma como viveu e sobreviveu num México em mudança e como a sua vida pessoal se cruzou com os importantes movimentos colectivos e com personagens que deixaram a sua marca naquele país e no mundo. É este percurso, ao mesmo tempo íntimo e mais alargado, que podemos acompanhar pelas fotografias tiradas por si ou em que ela está presente. Eu fiquei a conhecê-la melhor. E a sua obra passa a fazer mais sentido para mim.


4 comentários:

  1. Um filme permitiu ao mundo conhecer uma artista ímpar. Vi a exposição no CCB e adorei. Como não discuto arte por uma questão de princípio, aconselho a conhecerem e formarem opinião...

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  2. A exposição no CCB acabei por não ver. E o filme também não. Bem, vou mesmo ter que me documentar melhor... :)

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  3. Vi o filme e a exposição. Quanto à arte e os nossos gostos também penso que se pode falar deles e trocar pontos de vista, discutir é mais difícil ou mesmo impossível ... embora existam coisas bem piores do que discutir arte :-) É pelo menos um desafio intelectual :-). Também não sou grande apreciador da pintura de Frida já quanto à pessoa caramba que vida. PS: Por acaso acho que André Breton tinha razão independentemente da opinião da própria artista ;-)

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    1. Eu também penso que se podem discutir ambos, arte e gostos. Pelo menos no sentido que refere. Claro que não chegaremos a consensos mas, neste caso, ainda bem. :)
      Quanto ao surrealismo, de facto, observando a sua obra, parece-nos difícil acreditar que ali só está presente a realidade e que nada de inconsciente se manifesta. Mas como, pelos vistos, foi a própria a afirmá-lo... Provavelmente o facto de ela assim pensar tem a ver com o tal enorme peso da realidade, por ela sentido.

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