terça-feira, 3 de janeiro de 2012

As crianças e nós

O filme começa e acaba nas crianças. São elas que criam o problema à volta do qual gira toda a acção e são elas que o resolvem sem precisarem da intervenção de mais ninguém. De facto, apesar do único sangue presente acontecer no parque onde as crianças brincam, é entre adultos que a carnificina tem lugar. O que começa por ser um encontro entre pessoas civilizadas transforma-se numa batalha que vai para além da mera troca de palavras para ter verdadeiras consequências físicas.
Pelo meio, via telefone, acompanhamos ainda um tema bastante controverso nos EUA: o grande poder da indústria farmacêutica.
Muito teatral, as expressões faciais dos quatro actores são de uma enorme riqueza (o cartaz de promoção é muito bem escolhido). Em certas cenas, como a das gargalhadas, partilhada entre as mulheres, ou a das constantes reentradas no "cenário" parece haver até algum exagero. Mas tudo isso me parece deliberado. É que, dessa forma, se demonstram as enormes dificuldades, para não dizer incapacidade, dos adultos para ultrapassarem os seus problemas, portadores que são de dúvidas, frustrações, ideias feitas que os impedem de os analisarem claramente. Já as crianças, sem elaborações desnecessárias, limitam-se a resolvê-los.
Catarse é a palavra que mais facilmente nos surge quando ouvimos expressões como: "I am glad our son kicked the shit out of your son and I wipe my ass with your human rights!"
Todos nós devíamos, de vez em quando, ficar fechados e ser confrontados com os problemas em vez de falar deles à distância. Terapêutico, sim. E quem melhor que Polanski para o filmar?

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