domingo, 11 de setembro de 2011

Será isto envelhecer?

É suposto iniciativas destas criarem uma maior dinâmica no comércio, contribuindo para um aumento dos lucros dos comerciantes; é suposto olharmos os manequins, em carne e osso das lojas como figuras apetecíveis, desejáveis; é suposto invejarmos os rostos maquilhados, os vestidos glamourosos, os saltos vertiginosos; é suposto ficarmos ofuscados com os corpos jovens e bem trabalhados dos que sobem e descem a rua, esperando que uma das câmaras de filmar os apanhe.
Em vez disso, senti que se gasta demasiado dinheiro nestas iniciativas sem que o retorno compense; que as manequins fazem tristes figuras, com os seus movimentos tolhidos pelas paredes das montras; que as pessoas bonitas são, afinal, adolescentes que se limitam a copiar uma imagem vista numa revista ou na televisão, desconhecendo completamente o que de dentro querem mostrar; que a sede de aparecer, ficar bem na fotografia está a ocupar demasiado tempo a quem deveria estar a crescer por dentro; que, em época de crise, aquele fogo de vista é até obsceno.
Ou será tudo isto a prova de que estou a ficar velha?

(ideias suscitadas numa passagem pelo Chiado, na última noite de quinta-feira)

4 comentários:

  1. Também estou a envelhecer, longe de me considerar velho. Mas não embarco na manada, seja na onda do politica ou socialmente correcto, seja em ditaduras de moda ou qualquer outra corrente. Fiel a mim próprio, aos meus valores, livre para fazer o que me apetece...

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  2. Todos estamos a envelhecer. A maneira como lidamos com isso vai variando de pessoa para pessoa. No meu caso tem dias. E nem sempre sou tão optimista...

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  3. Pois a mim agrada-me, de alguma maneira, estar a envelhecer (só lamento o facto de haver tantas coisas que não terei tempo para fazer, experimentar, sentir, etc). O vazio da sociedade (e juro que quando era mais novo pensava o mesmo) deixa-me sempre um tanto nauseado. Seja pelo culto excessivo dos trapos ou do corpo. Mas que esperar de uma sociedade que privilegia mais um futebolista ou um/a modelo, ou um desconhecido qualquer que aparece numa revista de fancaria, do que um cientista, um artista ou um escritor? A superficialidade dos portugueses vem de longe, por isso longe não chegaremos.

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  4. Mas essa nostalgia em relação às coisas que não faremos... já é suficiente para causar mossa. Quanto ao resto tens toda a razão. Só não sei se é exclusivo dos portugueses. Mas lá que nós somos bons nisso... lá isso...

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