Clara passeava no jardim com as crianças.
O céu era verde sobre o gramado,
a água era dourada sob as pontes,
outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados,
o guarda-civil sorria, passavam bicicletas,
a menina pisou a relva para pegar um pássaro,
o mundo inteiro, a Alemanha, a China, tudo era tranqüilo em redor de Clara.
As crianças olhavam para o céu: não era proibido.
A boca, o nariz, os olhos estavam abertos. Não havia perigo.
Os perigos que Clara temia eram a gripe, o calor, os insetos.
Clara tinha medo de perder o bonde das 11 horas,
esperava cartas que custavam a chegar,
nem sempre podia usar vestido novo. Mas passeava no jardim, pela manhã!!!
Havia jardins, havia manhãs naquele tempo!!!
in Sentimento do mundo, de Carlos Drummond de Andrade
(Um dos poemas lido numa das cerimónias de homenagem às vítimas do 11/9 realizadas hoje nos EUA)
Evocar a memória dos perderam a vida naquele acto infame. É sempre bom ler Carlos Drummond de Andrade.
ResponderEliminarÉ importante recordar. E este poema, mesmo tendo sido escrito muito antes de 2001, faz muito sentido no contexto.
ResponderEliminarTão somente 3 letras : "P A Z" ... aparentemente simples, considerando que somos mortais...
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