Foi no Uma casa em Beirute que primeiro o li. É brasileiro e chama-se Solivan Brugnara. Depois encontrei mais poemas aqui. Foi de onde retirei este:
Uma descompostura em Diógenes
Útil, a arte não deve ser útil,
são os utensílios que deveriam ter inutilidades.
Que se faça em tudo que é útil,
belas inutilidades.
Um caixa eletrônico aonde o extrato venha dobrado em origamis em forma de peixe
e talheres com lente de aumento para examinarmos
com mais riqueza de detalhes como é belo o azeite
sobre a salada.
Que façam
estradas com aquelas descidas que causam inércia
e dão um friozinho na barriga
que as crianças gostam tanto .
E os navios cargueiros em formato de patinho de banheira,
ou contêineres em legos gigantes.
Tirem das prisões,
o minimalista reto e objetivo das grades,
que sejam substituídas por grades barrocas e exageradas,
grades cinzeladas, folheadas a ouro,
reproduzindo querubins com safiras nos olhos, grades que elevem.
Porque o útil é uma mentira.
É uma mentira.
A utilidade das fábricas, é uma mentira,
e do aço da máquinas,
das precisas correntes, dos processos, da estrutura das linhas de produção,
é uma mentira a utilidade da automação.
Útil é a água, transformá-la em refrigerante, dar sabores, uma doce inutilidade.
Útil e a água, transformá-la em cerveja, dar-lhe o reconfortante álcool
é uma inutilidade prazerosa.
São inúteis as grandes fábricas de tecidos,
o que move a indústria de roupas não é a utilidade, mas a criativa moda.
E a utilidade das colheitadeiras,
também é uma mentira.
A utilidade das plantações, dos rebanhos,
a utilidade da soja é uma mentira, a utilidade do trigo é uma mentira.
Útil é o trigo, mas em donuts, em brioches e croissant,
são todos uma gostosa inutilidade.
É uma mentira a utilidade da medicina, uma mentira.
Mas com que coragem
enfrentam com suas insignificantes armas,
seus avanços postergadores, com suas máquinas
ineficazes, seus pequenos bisturis e analgésicos,
o inevitável.
Como é bonito
ver um corpo em uma oferenda inversa
e os ritos das operações,dos tratamentos,das quimioterapias,
tentando retirar o homem da morte.
É uma mentira a medicina,
mas como são destemidas,
como são renitentes e sábias
suas utópicas e caras tentativas heróicas de vencer o inevitável
sem nunca ter conseguido, uma só vitória.
É uma mentira a utilidade
das minas de aço, da extração do petróleo,do cobre, do ouro,
todos retirados para fazer mover a magnífica futilidade dos homens.
Sim, Sim.
É a inutilidade que move os trens, os caminhões, os aviões,os navios
que abre novas rodovias,
e nos trazem e levam ao lixo,
os magníficos eletrodomésticos descartáveis, os lindos sapatos fúteis,
os supermercados cheios de alimentos tão saborosos
com seus indispensáveis
e atávicos sais e calorias,
os computadores
com sua grande quantidade de espaço para a deliciosa pornografia,
sexo virtual e música,
As televisões e seus jogos de futebol e filmes violentos, panis et circus virtuais,
notícias quase sempre irrelevantes e entediantes novelas.
E o concreto,
o concreto
que constrói as casas,os edifícios, os shoppings
todos valorizados se excessivos e luxuosos
e desvalorizados se essencial.
É Verdade, é verdade existe o útil
Mas o útil é sempre primitivo e rude,
existe ou existiu,
é seu pé e sua mão, seus instintos,
a fruta colhida,
a carne crua.
Já a inutilidade foi descoberta junto com fogo, com a primeira semente plantada
com as lanças.
nasceu junto com a inteligência ,
com a inteligência,
que é a única inutilidade da natureza
e evoluíram juntos
descobriram metais, impérios , calendários
e foram à lua.
Sim, foram à lua, a mais obscena loucura, a mais linda loucura da humanidade,
que magnífico excesso
bilhões e bilhões para nos trazerem uma dúzia de pedras.
E as religiões desde os primórdios tão desnecessárias e ricas,
com seus sempre poderosos sacerdotes,seus deuses e ritos surreais.
Oh! A inútil fé, obrigado ,muito obrigado
por decoraram cavernas e fazerem monólitos,
por construírem as ociosas pirâmides
e catedrais com vitrais.
Ah, o inútil, a quem devemos toda a civilização,
Todos os avanços,
dói, mas é
preciso desmascará-lo
quando pedante e pretensioso,
quando finge-se necessário,
e engana os crentes há tantos milênios.
e se auto-engana há tantos milênios,
que acredita-se imprescindível
e legisla,cria países e exércitos, veste togas e crenças
é cheia de funcionários,de parques industriais, de salas comerciais,
de ritos de poder
mostra-se arrogante
com a leveza delicada da arte,
que é puramente desnecessária,
quando é áspera com o sorriso, com as férias e os jogos eletrônicos.
Mas o inútil, o verdadeiro inútil, como é poderoso,
é mais indispensável que o útil.
Sim. Sim. Mais imprescindível que o útil.
Diógenes!
Diógenes!
Diógenes!
Como estava enganado Diógenes!
Quando menosprezou o belo, o exuberante inútil
e se voltou para o tão primitivo necessário.
Devia ter acumulado inutilidades,
devia ter feito muitas inutilidades,
estátuas, por exemplo ou mesmo poemas.
Acharia com mais facilidades os
verdadeiros homens que com sua ineficaz lanterna.
Porque estátuas,
porque poemas,
são mais eficazes armas que lanternas.
Há em frente aos quadros, em frente aos livros
mais homens bons, que na frente dos cofres e agências bancárias.
Útil, a arte não deve ser útil,
são os utensílios que deveriam ter inutilidades.
Que se faça em tudo que é útil,
belas inutilidades.
Um caixa eletrônico aonde o extrato venha dobrado em origamis em forma de peixe
e talheres com lente de aumento para examinarmos
com mais riqueza de detalhes como é belo o azeite
sobre a salada.
Que façam
estradas com aquelas descidas que causam inércia
e dão um friozinho na barriga
que as crianças gostam tanto .
E os navios cargueiros em formato de patinho de banheira,
ou contêineres em legos gigantes.
Tirem das prisões,
o minimalista reto e objetivo das grades,
que sejam substituídas por grades barrocas e exageradas,
grades cinzeladas, folheadas a ouro,
reproduzindo querubins com safiras nos olhos, grades que elevem.
Porque o útil é uma mentira.
É uma mentira.
A utilidade das fábricas, é uma mentira,
e do aço da máquinas,
das precisas correntes, dos processos, da estrutura das linhas de produção,
é uma mentira a utilidade da automação.
Útil é a água, transformá-la em refrigerante, dar sabores, uma doce inutilidade.
Útil e a água, transformá-la em cerveja, dar-lhe o reconfortante álcool
é uma inutilidade prazerosa.
São inúteis as grandes fábricas de tecidos,
o que move a indústria de roupas não é a utilidade, mas a criativa moda.
E a utilidade das colheitadeiras,
também é uma mentira.
A utilidade das plantações, dos rebanhos,
a utilidade da soja é uma mentira, a utilidade do trigo é uma mentira.
Útil é o trigo, mas em donuts, em brioches e croissant,
são todos uma gostosa inutilidade.
É uma mentira a utilidade da medicina, uma mentira.
Mas com que coragem
enfrentam com suas insignificantes armas,
seus avanços postergadores, com suas máquinas
ineficazes, seus pequenos bisturis e analgésicos,
o inevitável.
Como é bonito
ver um corpo em uma oferenda inversa
e os ritos das operações,dos tratamentos,das quimioterapias,
tentando retirar o homem da morte.
É uma mentira a medicina,
mas como são destemidas,
como são renitentes e sábias
suas utópicas e caras tentativas heróicas de vencer o inevitável
sem nunca ter conseguido, uma só vitória.
É uma mentira a utilidade
das minas de aço, da extração do petróleo,do cobre, do ouro,
todos retirados para fazer mover a magnífica futilidade dos homens.
Sim, Sim.
É a inutilidade que move os trens, os caminhões, os aviões,os navios
que abre novas rodovias,
e nos trazem e levam ao lixo,
os magníficos eletrodomésticos descartáveis, os lindos sapatos fúteis,
os supermercados cheios de alimentos tão saborosos
com seus indispensáveis
e atávicos sais e calorias,
os computadores
com sua grande quantidade de espaço para a deliciosa pornografia,
sexo virtual e música,
As televisões e seus jogos de futebol e filmes violentos, panis et circus virtuais,
notícias quase sempre irrelevantes e entediantes novelas.
E o concreto,
o concreto
que constrói as casas,os edifícios, os shoppings
todos valorizados se excessivos e luxuosos
e desvalorizados se essencial.
É Verdade, é verdade existe o útil
Mas o útil é sempre primitivo e rude,
existe ou existiu,
é seu pé e sua mão, seus instintos,
a fruta colhida,
a carne crua.
Já a inutilidade foi descoberta junto com fogo, com a primeira semente plantada
com as lanças.
nasceu junto com a inteligência ,
com a inteligência,
que é a única inutilidade da natureza
e evoluíram juntos
descobriram metais, impérios , calendários
e foram à lua.
Sim, foram à lua, a mais obscena loucura, a mais linda loucura da humanidade,
que magnífico excesso
bilhões e bilhões para nos trazerem uma dúzia de pedras.
E as religiões desde os primórdios tão desnecessárias e ricas,
com seus sempre poderosos sacerdotes,seus deuses e ritos surreais.
Oh! A inútil fé, obrigado ,muito obrigado
por decoraram cavernas e fazerem monólitos,
por construírem as ociosas pirâmides
e catedrais com vitrais.
Ah, o inútil, a quem devemos toda a civilização,
Todos os avanços,
dói, mas é
preciso desmascará-lo
quando pedante e pretensioso,
quando finge-se necessário,
e engana os crentes há tantos milênios.
e se auto-engana há tantos milênios,
que acredita-se imprescindível
e legisla,cria países e exércitos, veste togas e crenças
é cheia de funcionários,de parques industriais, de salas comerciais,
de ritos de poder
mostra-se arrogante
com a leveza delicada da arte,
que é puramente desnecessária,
quando é áspera com o sorriso, com as férias e os jogos eletrônicos.
Mas o inútil, o verdadeiro inútil, como é poderoso,
é mais indispensável que o útil.
Sim. Sim. Mais imprescindível que o útil.
Diógenes!
Diógenes!
Diógenes!
Como estava enganado Diógenes!
Quando menosprezou o belo, o exuberante inútil
e se voltou para o tão primitivo necessário.
Devia ter acumulado inutilidades,
devia ter feito muitas inutilidades,
estátuas, por exemplo ou mesmo poemas.
Acharia com mais facilidades os
verdadeiros homens que com sua ineficaz lanterna.
Porque estátuas,
porque poemas,
são mais eficazes armas que lanternas.
Há em frente aos quadros, em frente aos livros
mais homens bons, que na frente dos cofres e agências bancárias.
demais.
ResponderEliminarOlá Andressa! E bem vinda! É demais, sim. E não por ser um longo poema. :)
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