No Parque do Retiro estão instalados duzentos confessionários brancos. Nunca se ouviram tantos pecados juntos. Será que as penitências vão ter direito a descontos?
Não me confesso desde os 18. Nem quando fui padrinho, pois impus à mãe da criança algumas condições para aceitar o convite: 1-Não me iria confessar 2-Não iria comungar (decorre da 1ª e não sou hipócrita) 3-Não iria a qualquer sermão de preparação para o baptizado 4-Limitava-me a segurar na criança, cumprindo o ritual e respeitando a cerimónia, pagaria o que tivesse de pagar sem problema algum. Isto se o padre aceitasse, pois perante a minha posição, compreenderia que ele me recusasse como padrinho numa cerimónia religiosa. Aceitou! No final trocámos respeitosos cumprimentos, julgo até que a minha sinceridade gozou de maior respeito que a falsidade de muitos...
Quando vi as imagens ontem no Telejornal fiquei um pouco incomodada. Alguém conseguirá confessar-se assim no meio de tanta confusão?
E essa coisa de se mostrarem tão magnânimos que até vão perdoar às mulheres que abortaram, se elas mostrarem arrependimento... É preciso anunciar uma coisa dessas?
Bem eu confessei-me para fazer a primeira comunhão. Depois disso julgo que o fiz para me casar mas não me lembro nada. E também sou madrinha de uma criança nas mesmas condições que descreves. Era longe, cheguei pouco tempo antes da cerimónia e nem colocaram a questão.
Já que se falou no assunto: eu não fui aceite como madrinha de um dos meus sobrinhos por não ser casada pela Igreja.
Não casei pela Igreja, não por ter qualquer preconceito quanto a isso, mas pelo facto de se ter revelado complicado, já que o meu marido alemão é luterano.
E pode-se provar a competência de alguém em termos de educação religiosa, apenas por não ter casado pela Igreja?!
Como é que alguém que para ser padrinho/madrinha impõe condições, como:
1-Não se confessar 2-Não comungar 3-Não ir a qualquer sermão de preparação para o baptizado 4-Limitar-se a segurar na criança, cumprindo o ritual e respeitando a cerimónia
pode provar que será mais competente para dar educação religiosa ao afilhado?!!!
Desculpa, Ana, mas a tua resposta ao meu comentário não é coerente com o que disseste antes. E muito menos coerentes são os padres que fecham os olhos para alguns aspectos e apontam outros a dedo!
Nada a desculpar, Cristina. Quando falei de coerência falava do ponto de vista dos princípios da religião. Em termos teóricos os padrinhos são os responsáveis pela educação religiosa das crianças. E, nesse sentido, a Igreja tem que impor as suas regras. Mas todos sabemos que, na prática, muito provavelmente pela diminuição de praticantes, admite-se alguma flexibilização nessas regras. É a adaptação para sobreviver. Do ponto de vista de quem aceita ou não ser padrinho, parece-me que depende muito do caso individual. Desde que seja clara a posição, cabe aos envolvidos dizer se aceitam ou não. Se houver hipocrisia será certamente mais censurável.
Resta saber se nessa "adaptação para sobreviver" a Igreja não estará a dar um tiro no pé...
Não me interpretes mal, eu acho que a religião é importante, faz parte de nós. E gostava muito que a Igreja Católica se adaptasse ao mundo actual, nos pudesse provar que é útil. Mas enquanto se guiar por dogmas que pouco têm a ver com a realidade...
Além disso, penso que há diferenças entre os Católicos, por uma questão de tradição e cultura. A Igreja Católica na Alemanha, por exemplo, não é igual à portuguesa. Há mais debate, por aqui, mesmo sobre temas "incómodos". Compreendo que o Papa tenha dificuldade em gerir todo esse mundo imenso e diverso.
Estou de acordo contigo. Aliás disseste uma coisa muito importante: ao longo da história não tem sido necessário à Igreja provar nada, muito menos a sua "utilidade". É claro que sempre houve quem o fizesse mas eram determinadas pessoas ou grupos, não da forma global como hoje acontece.E é exactamente a partir do momento em que se começa a questionar isso que acontecem as grandes mudanças. E a Igreja Católica, ao evoluir "suavizando" as suas posições sobre determinadas questões, põe, de alguma forma, em causa aquilo que sempre considerou ser o certo o que, para muitos, constitui uma alteração radical dos seus princípios. E se isso é favorável à aproximação de determinadas pessoas leva também ao afastamento de outras. Esse equilíbrio deve ser muito difícil de alcançar. A religião cristã, e para nós a católica, faz, de facto, parte da base da nossa civilização mas tem tido papéis tão diversos ao longo do tempo que se torna difícil fazer um balanço global.
Não me confesso desde os 18. Nem quando fui padrinho, pois impus à mãe da criança algumas condições para aceitar o convite:
ResponderEliminar1-Não me iria confessar
2-Não iria comungar (decorre da 1ª e não sou hipócrita)
3-Não iria a qualquer sermão de preparação para o baptizado
4-Limitava-me a segurar na criança, cumprindo o ritual e respeitando a cerimónia, pagaria o que tivesse de pagar sem problema algum. Isto se o padre aceitasse, pois perante a minha posição, compreenderia que ele me recusasse como padrinho numa cerimónia religiosa. Aceitou! No final trocámos respeitosos cumprimentos, julgo até que a minha sinceridade gozou de maior respeito que a falsidade de muitos...
Confissões em série...
ResponderEliminarQuando vi as imagens ontem no Telejornal fiquei um pouco incomodada. Alguém conseguirá confessar-se assim no meio de tanta confusão?
E essa coisa de se mostrarem tão magnânimos que até vão perdoar às mulheres que abortaram, se elas mostrarem arrependimento... É preciso anunciar uma coisa dessas?
Enfim.
Bem eu confessei-me para fazer a primeira comunhão. Depois disso julgo que o fiz para me casar mas não me lembro nada. E também sou madrinha de uma criança nas mesmas condições que descreves. Era longe, cheguei pouco tempo antes da cerimónia e nem colocaram a questão.
ResponderEliminarCristina: eu acho que no meio da confusão até será mais fácil. :) Quanto à segunda questão é de facto triste.
ResponderEliminarA área de comentários deste post tornou-se uma metaconfissão.
ResponderEliminarJá que se falou no assunto: eu não fui aceite como madrinha de um dos meus sobrinhos por não ser casada pela Igreja.
ResponderEliminarNão casei pela Igreja, não por ter qualquer preconceito quanto a isso, mas pelo facto de se ter revelado complicado, já que o meu marido alemão é luterano.
Compreende-se o ponto de vista, Cristina. Se o padrinho é alguém que está incumbido da educação religiosa do afilhado tem que haver alguma coerência.
ResponderEliminarOra, Beijokense... Isso é porque aqui as penitências são muito suaves...
ResponderEliminar:)
ResponderEliminarNão receio a penitência, até porque já não peco desde a última confissão (Junho de 78) :P
Pronto, já metaconfessei.
E pode-se provar a competência de alguém em termos de educação religiosa, apenas por não ter casado pela Igreja?!
ResponderEliminarComo é que alguém que para ser padrinho/madrinha impõe condições, como:
1-Não se confessar
2-Não comungar
3-Não ir a qualquer sermão de preparação para o baptizado
4-Limitar-se a segurar na criança, cumprindo o ritual e respeitando a cerimónia
pode provar que será mais competente para dar educação religiosa ao afilhado?!!!
Desculpa, Ana, mas a tua resposta ao meu comentário não é coerente com o que disseste antes. E muito menos coerentes são os padres que fecham os olhos para alguns aspectos e apontam outros a dedo!
Nada a desculpar, Cristina. Quando falei de coerência falava do ponto de vista dos princípios da religião. Em termos teóricos os padrinhos são os responsáveis pela educação religiosa das crianças. E, nesse sentido, a Igreja tem que impor as suas regras. Mas todos sabemos que, na prática, muito provavelmente pela diminuição de praticantes, admite-se alguma flexibilização nessas regras. É a adaptação para sobreviver. Do ponto de vista de quem aceita ou não ser padrinho, parece-me que depende muito do caso individual. Desde que seja clara a posição, cabe aos envolvidos dizer se aceitam ou não. Se houver hipocrisia será certamente mais censurável.
ResponderEliminarResta saber se nessa "adaptação para sobreviver" a Igreja não estará a dar um tiro no pé...
ResponderEliminarNão me interpretes mal, eu acho que a religião é importante, faz parte de nós. E gostava muito que a Igreja Católica se adaptasse ao mundo actual, nos pudesse provar que é útil. Mas enquanto se guiar por dogmas que pouco têm a ver com a realidade...
Além disso, penso que há diferenças entre os Católicos, por uma questão de tradição e cultura. A Igreja Católica na Alemanha, por exemplo, não é igual à portuguesa. Há mais debate, por aqui, mesmo sobre temas "incómodos". Compreendo que o Papa tenha dificuldade em gerir todo esse mundo imenso e diverso.
Estou de acordo contigo. Aliás disseste uma coisa muito importante: ao longo da história não tem sido necessário à Igreja provar nada, muito menos a sua "utilidade". É claro que sempre houve quem o fizesse mas eram determinadas pessoas ou grupos, não da forma global como hoje acontece.E é exactamente a partir do momento em que se começa a questionar isso que acontecem as grandes mudanças. E a Igreja Católica, ao evoluir "suavizando" as suas posições sobre determinadas questões, põe, de alguma forma, em causa aquilo que sempre considerou ser o certo o que, para muitos, constitui uma alteração radical dos seus princípios. E se isso é favorável à aproximação de determinadas pessoas leva também ao afastamento de outras. Esse equilíbrio deve ser muito difícil de alcançar. A religião cristã, e para nós a católica, faz, de facto, parte da base da nossa civilização mas tem tido papéis tão diversos ao longo do tempo que se torna difícil fazer um balanço global.
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