sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Olhares

Era o seu olhar que surpreendia quando a fitei. Sentada num banco era impossível não a notar enquanto eu subia a escada rolante naquele centro comercial. E era tristeza que se via naquele olhar. O local parecia ter sido escolhido para poder contemplar a aparente felicidade dos outros que, sorridentes, entravam e saíam de lojas. Quanto a ela pouco se parecia interessar pela impressão que causava. Já no final da subida os nossos olhares cruzaram-se. Desviei o meu rapidamente. Não queria ser apanhada a olhar assim, entrando na sua intimidade, testemunhando algo que eu não podia adivinhar mas que me magoava também. E tive medo. Como se a possibilidade daquela tristeza se pegar existisse verdadeiramente. 

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