terça-feira, 30 de agosto de 2011
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Um sorriso
Não foi o som da guitarra que me chamou a atenção. Nem o facto de assim tocar, sem público, naquele túnel onde ninguém àquela hora passava. Foi o seu sorriso. Sorria de prazer ao tocar. Sorria para os seus dedos que faziam soar as cordas. O som era ampliado por todo o espaço mas era dentro de si que ele o sentia. Era para si que tocava, indiferente ao que o rodeava.
O sorriso prolongou-se quando me viu a sorrir também. As moedas que lhe dei premiaram esse sorriso que, de tão genuíno, me recordou que, mesmo sozinhos, onde ninguém nos vê, vale a pena sorrir.
Está bem que fica no Continente mas...
Com uma boa localização, condições climatéricas amenas, boas condições para o desenvolvimento da actividade agrícola, uma boa relação com as autoridades locais para o apoio e desenvolvimento de projectos imobiliários... bem que o Governo Regional da Madeira podia comprá-la para local de estágio do próximo presidente.
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Na procissão
A procissão, como tantas outras, avança com os membros do clero à frente. Segue-se o andor, levado por paroquianos mais acostumados a estas coisas de transportar aos ombros a santidade. Depois a banda que toca, a um ritmo lento, músicas que os que vêm atrás entoam, uns com mais, outros com menos devoção. É no meio destes, anónimos, alguns turistas, que um, em particular, se destaca. À medida que prossegue, no ritmo cadenciado dos demais, a garrafa de cerveja é levada à boca também com uma devoção que se adivinha forte.
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Saartjie
Quando fui ver o filme desconhecia este facto: o realizador é o mesmo de "O Segredo de um Cuscuz", de que eu tanto gostei. Mesmo depois de o ver acho que não chegaria a perceber que tinham sido ambos realizados pela mesma pessoa. Esta "Vénus Negra", ao contrário das personagens do "Segredo...", não tem uma vida comum. Mesmo depois da sua morte, em 1815, o seu corpo não teve descanso pois logo foi feito um molde em gesso e conjuntamente com partes dele, conservadas em formol, estiveram em exibição, até 1974, num museu em Paris. Mais recentemente, em 2002, o governo francês devolveu os restos mortais ao seu país de origem, a África do Sul, mais por motivos políticos que por uma convicção de justiça humana.
Uma vida, como a de Saartjie, é motivo mais que suficiente para um argumento de um filme. Mas, parece-me, o realizador alongou-se demais, prolongando cenas que se tornam penosas para nós, dada também a violência nelas presente. Mas não será isso que se pretende?
Mostrar-nos a violência presente em todas as exibições forçadas, quer em feiras de curiosidades; quer em festas privadas para satisfazer os caprichos de nobres com posses; quer junto de cientistas sedentos de confirmações para teorias que nos lembram que a ciência deve ser sempre historicamente lida.
E é aqui que o filme cumpre a sua função mais "pedagógica" pois se esta história pessoal já é, de si, suficiente para com ela aprendermos muito é a sua relação com o meio histórico em que aconteceu que a torna tão interessante. E a exploração de um ser humano pelas suas características físicas bem como a tentativa de as tornar na base de sistemas de poder estão ainda hoje demasiado presentes.
Talvez se pudesse fazê-lo mais curto. É um facto. Mas as interpretações são muito boas e as ambições do filme muito meritórias.
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Uma das razões/poemas porque gosto de Luís Filipe Castro Mendes
À Tarde, Em Casa
Entardecer entre animais pequeninos,
pássaros que debicam a relva do jardim,
esquilos que sobem e descem das árvores,
eu próprio, no meio dos jornais.
Nenhum deus se lembrou de aparecer esta tarde:
e foi melhor assim.
in Luís Filipe Castro Mendes, Lendas da Índia, Lisboa, Publicações D. Quixote, 2011, p. 85
Entardecer entre animais pequeninos,
pássaros que debicam a relva do jardim,
esquilos que sobem e descem das árvores,
eu próprio, no meio dos jornais.
Nenhum deus se lembrou de aparecer esta tarde:
e foi melhor assim.
in Luís Filipe Castro Mendes, Lendas da Índia, Lisboa, Publicações D. Quixote, 2011, p. 85
terça-feira, 16 de agosto de 2011
Final de dia feriado
Logo à entrada do túnel a luz que vem do exterior ilumina e faz brilhar o plástico e o metal dos brinquedos espalhados na manta. Ninguém parado a comprar ou sequer a ver. Ele não parece esperar que ninguém o faça. Está de cabeça baixa, agarrado aos joelhos nus.
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
A confissão já não é o que era...
No Parque do Retiro estão instalados duzentos confessionários brancos. Nunca se ouviram tantos pecados juntos. Será que as penitências vão ter direito a descontos?
(Foto aqui)
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
Olhares
Era o seu olhar que surpreendia quando a fitei. Sentada num banco era impossível não a notar enquanto eu subia a escada rolante naquele centro comercial. E era tristeza que se via naquele olhar. O local parecia ter sido escolhido para poder contemplar a aparente felicidade dos outros que, sorridentes, entravam e saíam de lojas. Quanto a ela pouco se parecia interessar pela impressão que causava. Já no final da subida os nossos olhares cruzaram-se. Desviei o meu rapidamente. Não queria ser apanhada a olhar assim, entrando na sua intimidade, testemunhando algo que eu não podia adivinhar mas que me magoava também. E tive medo. Como se a possibilidade daquela tristeza se pegar existisse verdadeiramente.
4 anos depois...
Em Setembro sai o "Biophilia". Até lá...
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
Elementar, meu caro...
Estava parado há tempo de mais no corredor. Fazia frio, bastante frio. Olhava fixamente, muito de perto, talvez procurando exactamente o que pretendia. Indeciso, pensei. À sua volta outros chegavam, olhavam e tiravam da prateleira o que queriam. Finalmente um movimento. A mão dirigiu-se ao bolso e de lá retirou um objecto. Era uma lupa, potente, a avaliar pelo aspecto. Finalmente podia escolher os iogurtes e passar a outro corredor onde a temperatura era mais amena.
terça-feira, 9 de agosto de 2011
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
domingo, 7 de agosto de 2011
sábado, 6 de agosto de 2011
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
Agradecimento público...
ao programa Master Chef (neste caso a versão australiana) por ser o causador de uma onda de vontade de cozinhar que atingiu as minhas filhas e que fez com que eu, que só cozinho porque a isso sou obrigada, não tenha ainda preparado uma única refeição esta semana.
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
A nova temporada em análise ou os nossos infundados preconceitos
Cada uma das senhoras tinha mais de 70 anos. Sentadas numa das mesas da esplanada, procuravam a sombra do grande chapéu de sol que ajudava a suportar o calor que se fazia sentir. De frente uma para a outra pouco conversavam. Uma delas parecia um pouco entediada. Do local onde eu estava podia ver que a outra lia uma revista. Imaginei a primeira pouco dada a notícias cor-de-rosa ou, pelo contrário, em pulgas para poder ler as últimas sobre os namoros de alguém com o nome acabado em inha. Quando me levantei para sair dei uma espreitadela à capa da revista. Era a Mística, a revista oficial do Benfica, com tudo sobre a nova época.
A lupa de Sherlock Holmes já não chega
Por termos chegado perto da hora de fecho da exposição não foi possível trabalhar nos 8 laboratórios e por isso ficou por descobrir o autor do crime. Lá terei eu que voltar... Mas vale a pena. A "exposição" está muito bem conseguida.
terça-feira, 2 de agosto de 2011
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
"Porque o útil é uma mentira"
Foi no Uma casa em Beirute que primeiro o li. É brasileiro e chama-se Solivan Brugnara. Depois encontrei mais poemas aqui. Foi de onde retirei este:
Uma descompostura em Diógenes
Útil, a arte não deve ser útil,
são os utensílios que deveriam ter inutilidades.
Que se faça em tudo que é útil,
belas inutilidades.
Um caixa eletrônico aonde o extrato venha dobrado em origamis em forma de peixe
e talheres com lente de aumento para examinarmos
com mais riqueza de detalhes como é belo o azeite
sobre a salada.
Que façam
estradas com aquelas descidas que causam inércia
e dão um friozinho na barriga
que as crianças gostam tanto .
E os navios cargueiros em formato de patinho de banheira,
ou contêineres em legos gigantes.
Tirem das prisões,
o minimalista reto e objetivo das grades,
que sejam substituídas por grades barrocas e exageradas,
grades cinzeladas, folheadas a ouro,
reproduzindo querubins com safiras nos olhos, grades que elevem.
Porque o útil é uma mentira.
É uma mentira.
A utilidade das fábricas, é uma mentira,
e do aço da máquinas,
das precisas correntes, dos processos, da estrutura das linhas de produção,
é uma mentira a utilidade da automação.
Útil é a água, transformá-la em refrigerante, dar sabores, uma doce inutilidade.
Útil e a água, transformá-la em cerveja, dar-lhe o reconfortante álcool
é uma inutilidade prazerosa.
São inúteis as grandes fábricas de tecidos,
o que move a indústria de roupas não é a utilidade, mas a criativa moda.
E a utilidade das colheitadeiras,
também é uma mentira.
A utilidade das plantações, dos rebanhos,
a utilidade da soja é uma mentira, a utilidade do trigo é uma mentira.
Útil é o trigo, mas em donuts, em brioches e croissant,
são todos uma gostosa inutilidade.
É uma mentira a utilidade da medicina, uma mentira.
Mas com que coragem
enfrentam com suas insignificantes armas,
seus avanços postergadores, com suas máquinas
ineficazes, seus pequenos bisturis e analgésicos,
o inevitável.
Como é bonito
ver um corpo em uma oferenda inversa
e os ritos das operações,dos tratamentos,das quimioterapias,
tentando retirar o homem da morte.
É uma mentira a medicina,
mas como são destemidas,
como são renitentes e sábias
suas utópicas e caras tentativas heróicas de vencer o inevitável
sem nunca ter conseguido, uma só vitória.
É uma mentira a utilidade
das minas de aço, da extração do petróleo,do cobre, do ouro,
todos retirados para fazer mover a magnífica futilidade dos homens.
Sim, Sim.
É a inutilidade que move os trens, os caminhões, os aviões,os navios
que abre novas rodovias,
e nos trazem e levam ao lixo,
os magníficos eletrodomésticos descartáveis, os lindos sapatos fúteis,
os supermercados cheios de alimentos tão saborosos
com seus indispensáveis
e atávicos sais e calorias,
os computadores
com sua grande quantidade de espaço para a deliciosa pornografia,
sexo virtual e música,
As televisões e seus jogos de futebol e filmes violentos, panis et circus virtuais,
notícias quase sempre irrelevantes e entediantes novelas.
E o concreto,
o concreto
que constrói as casas,os edifícios, os shoppings
todos valorizados se excessivos e luxuosos
e desvalorizados se essencial.
É Verdade, é verdade existe o útil
Mas o útil é sempre primitivo e rude,
existe ou existiu,
é seu pé e sua mão, seus instintos,
a fruta colhida,
a carne crua.
Já a inutilidade foi descoberta junto com fogo, com a primeira semente plantada
com as lanças.
nasceu junto com a inteligência ,
com a inteligência,
que é a única inutilidade da natureza
e evoluíram juntos
descobriram metais, impérios , calendários
e foram à lua.
Sim, foram à lua, a mais obscena loucura, a mais linda loucura da humanidade,
que magnífico excesso
bilhões e bilhões para nos trazerem uma dúzia de pedras.
E as religiões desde os primórdios tão desnecessárias e ricas,
com seus sempre poderosos sacerdotes,seus deuses e ritos surreais.
Oh! A inútil fé, obrigado ,muito obrigado
por decoraram cavernas e fazerem monólitos,
por construírem as ociosas pirâmides
e catedrais com vitrais.
Ah, o inútil, a quem devemos toda a civilização,
Todos os avanços,
dói, mas é
preciso desmascará-lo
quando pedante e pretensioso,
quando finge-se necessário,
e engana os crentes há tantos milênios.
e se auto-engana há tantos milênios,
que acredita-se imprescindível
e legisla,cria países e exércitos, veste togas e crenças
é cheia de funcionários,de parques industriais, de salas comerciais,
de ritos de poder
mostra-se arrogante
com a leveza delicada da arte,
que é puramente desnecessária,
quando é áspera com o sorriso, com as férias e os jogos eletrônicos.
Mas o inútil, o verdadeiro inútil, como é poderoso,
é mais indispensável que o útil.
Sim. Sim. Mais imprescindível que o útil.
Diógenes!
Diógenes!
Diógenes!
Como estava enganado Diógenes!
Quando menosprezou o belo, o exuberante inútil
e se voltou para o tão primitivo necessário.
Devia ter acumulado inutilidades,
devia ter feito muitas inutilidades,
estátuas, por exemplo ou mesmo poemas.
Acharia com mais facilidades os
verdadeiros homens que com sua ineficaz lanterna.
Porque estátuas,
porque poemas,
são mais eficazes armas que lanternas.
Há em frente aos quadros, em frente aos livros
mais homens bons, que na frente dos cofres e agências bancárias.
Útil, a arte não deve ser útil,
são os utensílios que deveriam ter inutilidades.
Que se faça em tudo que é útil,
belas inutilidades.
Um caixa eletrônico aonde o extrato venha dobrado em origamis em forma de peixe
e talheres com lente de aumento para examinarmos
com mais riqueza de detalhes como é belo o azeite
sobre a salada.
Que façam
estradas com aquelas descidas que causam inércia
e dão um friozinho na barriga
que as crianças gostam tanto .
E os navios cargueiros em formato de patinho de banheira,
ou contêineres em legos gigantes.
Tirem das prisões,
o minimalista reto e objetivo das grades,
que sejam substituídas por grades barrocas e exageradas,
grades cinzeladas, folheadas a ouro,
reproduzindo querubins com safiras nos olhos, grades que elevem.
Porque o útil é uma mentira.
É uma mentira.
A utilidade das fábricas, é uma mentira,
e do aço da máquinas,
das precisas correntes, dos processos, da estrutura das linhas de produção,
é uma mentira a utilidade da automação.
Útil é a água, transformá-la em refrigerante, dar sabores, uma doce inutilidade.
Útil e a água, transformá-la em cerveja, dar-lhe o reconfortante álcool
é uma inutilidade prazerosa.
São inúteis as grandes fábricas de tecidos,
o que move a indústria de roupas não é a utilidade, mas a criativa moda.
E a utilidade das colheitadeiras,
também é uma mentira.
A utilidade das plantações, dos rebanhos,
a utilidade da soja é uma mentira, a utilidade do trigo é uma mentira.
Útil é o trigo, mas em donuts, em brioches e croissant,
são todos uma gostosa inutilidade.
É uma mentira a utilidade da medicina, uma mentira.
Mas com que coragem
enfrentam com suas insignificantes armas,
seus avanços postergadores, com suas máquinas
ineficazes, seus pequenos bisturis e analgésicos,
o inevitável.
Como é bonito
ver um corpo em uma oferenda inversa
e os ritos das operações,dos tratamentos,das quimioterapias,
tentando retirar o homem da morte.
É uma mentira a medicina,
mas como são destemidas,
como são renitentes e sábias
suas utópicas e caras tentativas heróicas de vencer o inevitável
sem nunca ter conseguido, uma só vitória.
É uma mentira a utilidade
das minas de aço, da extração do petróleo,do cobre, do ouro,
todos retirados para fazer mover a magnífica futilidade dos homens.
Sim, Sim.
É a inutilidade que move os trens, os caminhões, os aviões,os navios
que abre novas rodovias,
e nos trazem e levam ao lixo,
os magníficos eletrodomésticos descartáveis, os lindos sapatos fúteis,
os supermercados cheios de alimentos tão saborosos
com seus indispensáveis
e atávicos sais e calorias,
os computadores
com sua grande quantidade de espaço para a deliciosa pornografia,
sexo virtual e música,
As televisões e seus jogos de futebol e filmes violentos, panis et circus virtuais,
notícias quase sempre irrelevantes e entediantes novelas.
E o concreto,
o concreto
que constrói as casas,os edifícios, os shoppings
todos valorizados se excessivos e luxuosos
e desvalorizados se essencial.
É Verdade, é verdade existe o útil
Mas o útil é sempre primitivo e rude,
existe ou existiu,
é seu pé e sua mão, seus instintos,
a fruta colhida,
a carne crua.
Já a inutilidade foi descoberta junto com fogo, com a primeira semente plantada
com as lanças.
nasceu junto com a inteligência ,
com a inteligência,
que é a única inutilidade da natureza
e evoluíram juntos
descobriram metais, impérios , calendários
e foram à lua.
Sim, foram à lua, a mais obscena loucura, a mais linda loucura da humanidade,
que magnífico excesso
bilhões e bilhões para nos trazerem uma dúzia de pedras.
E as religiões desde os primórdios tão desnecessárias e ricas,
com seus sempre poderosos sacerdotes,seus deuses e ritos surreais.
Oh! A inútil fé, obrigado ,muito obrigado
por decoraram cavernas e fazerem monólitos,
por construírem as ociosas pirâmides
e catedrais com vitrais.
Ah, o inútil, a quem devemos toda a civilização,
Todos os avanços,
dói, mas é
preciso desmascará-lo
quando pedante e pretensioso,
quando finge-se necessário,
e engana os crentes há tantos milênios.
e se auto-engana há tantos milênios,
que acredita-se imprescindível
e legisla,cria países e exércitos, veste togas e crenças
é cheia de funcionários,de parques industriais, de salas comerciais,
de ritos de poder
mostra-se arrogante
com a leveza delicada da arte,
que é puramente desnecessária,
quando é áspera com o sorriso, com as férias e os jogos eletrônicos.
Mas o inútil, o verdadeiro inútil, como é poderoso,
é mais indispensável que o útil.
Sim. Sim. Mais imprescindível que o útil.
Diógenes!
Diógenes!
Diógenes!
Como estava enganado Diógenes!
Quando menosprezou o belo, o exuberante inútil
e se voltou para o tão primitivo necessário.
Devia ter acumulado inutilidades,
devia ter feito muitas inutilidades,
estátuas, por exemplo ou mesmo poemas.
Acharia com mais facilidades os
verdadeiros homens que com sua ineficaz lanterna.
Porque estátuas,
porque poemas,
são mais eficazes armas que lanternas.
Há em frente aos quadros, em frente aos livros
mais homens bons, que na frente dos cofres e agências bancárias.
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