quinta-feira, 21 de julho de 2011

E o vento continua...

Ouço-o lá fora. Tenho-o ouvido todas as noites. Lembrei-me de um poema do Ruy Belo. Fui procurá-lo e aqui está ele:

O Valor do Vento


Está hoje um dia de vento e eu gosto do vento
O vento tem entrado nos meus versos de todas as maneiras e
só entram nos meus versos as coisas de que gosto
O vento das árvores o vento dos cabelos
o vento do inverno o vento do verão
O vento é o melhor veículo que conheço
Só ele traz o perfume das flores só ele traz
a música que jaz à beira-mar em agosto
Mas só hoje soube o verdadeiro valor do vento
O vento actualmente vale oitenta escudos
Partiu-se o vidro grande da janela do meu quarto

in Ruy Belo, Orla Marítima e outros poemas, Assírio & Alvim, 2008, p. 25

8 comentários:

  1. Sopra o vento, sopra o vento,
    Sopra alto o vento lá fora;
    Mas também meu pensamento
    Tem um vento que o devora.
    Há uma íntima intenção
    Que tumultua em meu ser
    E faz do meu coração
    O que um vento quer varrer;

    Não sei se há ramos deitados
    Abaixo no temporal,
    Se pés do chão levantados
    Num sopro onde tudo é igual.

    Dos ramos que ali caíram
    Sei só que há mágoas e dores
    Destinadas a não ser
    Mais que um desfolhar de flores.

    Fernando Pessoa

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  2. Gostei muito do poema de Ruy Belo!
    Se fosse vento...um simples ventinho...por aqui são vendavais...dias atrás de dias...
    Beijos,
    Manuela

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  3. :) Poema adequado ao tempo e aos tempos que correm... gostei. Beijo

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  4. Olá, Carlos. Como vemos o vento é muito inspirador, mesmo que para alguns inspire versos menos alegres.

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  5. Manuela... há quanto tempo! E eu com tão pouco tempo para fazer uma visita... O poema é simples e bonito, sim. Quanto ao vento também aqui tem sido de mais. Hoje parece que está a melhorar. Um beijinho.

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  6. Pois é! Esperemos que por aí esteja menos vento ou então que acalme até dia 28, Daniel. :)

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  7. Não sei exactamente quando foi escrito este poema. Mas, se fizermos a actualização do valor, adequa-se bastante à realidade, sim, Eva. Beijos.

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