Ouço-o lá fora. Tenho-o ouvido todas as noites. Lembrei-me de um poema do Ruy Belo. Fui procurá-lo e aqui está ele:
O Valor do Vento
Está hoje um dia de vento e eu gosto do vento
O vento tem entrado nos meus versos de todas as maneiras e
só entram nos meus versos as coisas de que gosto
O vento das árvores o vento dos cabelos
o vento do inverno o vento do verão
O vento é o melhor veículo que conheço
Só ele traz o perfume das flores só ele traz
a música que jaz à beira-mar em agosto
Mas só hoje soube o verdadeiro valor do vento
O vento actualmente vale oitenta escudos
Partiu-se o vidro grande da janela do meu quarto
in Ruy Belo, Orla Marítima e outros poemas, Assírio & Alvim, 2008, p. 25
Sopra o vento, sopra o vento,
ResponderEliminarSopra alto o vento lá fora;
Mas também meu pensamento
Tem um vento que o devora.
Há uma íntima intenção
Que tumultua em meu ser
E faz do meu coração
O que um vento quer varrer;
Não sei se há ramos deitados
Abaixo no temporal,
Se pés do chão levantados
Num sopro onde tudo é igual.
Dos ramos que ali caíram
Sei só que há mágoas e dores
Destinadas a não ser
Mais que um desfolhar de flores.
Fernando Pessoa
Gostei muito do poema de Ruy Belo!
ResponderEliminarSe fosse vento...um simples ventinho...por aqui são vendavais...dias atrás de dias...
Beijos,
Manuela
lindo!
ResponderEliminar:) Poema adequado ao tempo e aos tempos que correm... gostei. Beijo
ResponderEliminarOlá, Carlos. Como vemos o vento é muito inspirador, mesmo que para alguns inspire versos menos alegres.
ResponderEliminarManuela... há quanto tempo! E eu com tão pouco tempo para fazer uma visita... O poema é simples e bonito, sim. Quanto ao vento também aqui tem sido de mais. Hoje parece que está a melhorar. Um beijinho.
ResponderEliminarPois é! Esperemos que por aí esteja menos vento ou então que acalme até dia 28, Daniel. :)
ResponderEliminarNão sei exactamente quando foi escrito este poema. Mas, se fizermos a actualização do valor, adequa-se bastante à realidade, sim, Eva. Beijos.
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