Príncipe
amigo, não tenho perguntas para fazer-te. quantas
pessoas entendem aquilo que não entendo? quem
descobriu o segredo mais inútil?
amigo, não tenho perguntas para fazer-te. basta-me
olhar. passaram anos, poderiam ter passado mais
anos ainda. poderiam passar séculos.
entendo o teu rosto. isso basta-me quando te vejo.
para mim, serás sempre o príncipe, a criança que
me mostrou as árvores.
o tempo não passou, amigo. agora, ao chegares,
olho pra ti. o teu rosto é igual. agora, ao chegares,
sei que nunca partiste.
in José Luís Peixoto, A casa, a escuridão, Lisboa, Temas e Debates, 2002, p. 24
eu gostei.
ResponderEliminar