quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

"Oh as casas as casas as casas"


A construção civil é, no nosso país, um sector bastante importante. Grandes, médias ou pequenas empresas, valores envolvidos, impostos pagos, número de trabalhadores, tudo é em grande! E, não querendo falar de obras públicas, no que se refere à construção de casas particulares parece que o filão nunca mais tem fim.
Mas a verdade é que é cada vez mais frequente assistirmos, nas nossas cidades, à construção de edifícios  que começam a evidenciar sinais de deterioração antes mesmo dos fogos serem vendidos. Os preços demasiadamente altos de casas que, a maior parte das vezes, não o justificam, pelas próprias características, pela localização, ou outros factores, contribuem para a visão triste de alguns empreendimentos em que apenas uma ou duas casas, em dezenas, estão habitadas.
Desde sempre, em Portugal, o crescimento urbano fez-se através de uma ocupação desequilibrada, extensiva e muitas vezes abusiva do território para além de ter determinado um aumento das desigualdades sociais e da segregação espacial. O solo é um bem escasso, finito e esgotável e aquele tipo de ocupação levou a maiores desequilíbrios ao nível social e ambiental.
Já em 1999, segundo o Plano Nacional de Desenvolvimento Económico e Social  a área ocupada no território nacional excedia, em muito, as respectivas necessidades demográficas; por outro lado, segundo declarações oficiais, estimava-se que a área de expansão urbana, prevista no conjunto dos Planos Directores Municipais do país passaria para cerca do triplo da área territorial ocupada. A situação hoje não será muito diferente. É muito para um país tão pequeno. É muito para um país demograficamente tão envelhecido. É muito para quem vê as suas casas a precisar de obras e não as consegue pagar. É muito para os edifícios antigos à espera de reabilitação. É muito.

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