Naquela altura nem percebia bem o significado da "espiga". Tal como nas suas terras de origem, muitos dos habitantes do subúrbio de Lisboa onde eu vivia iam, nesse dia, "ao monte" apanhar as espigas e as flores que por ali cresciam para fazer os seus ramos. Lembro-me sobretudo da quantidade de crianças e avós que por ali andavam logo de manhã. Hoje, nesse espaço, uma paisagem familiar para quem tinha vindo do Alentejo (e eram bastantes, naquela zona), existe uma escola e um hotel e as respectivas estradas de acesso. As crianças e os rapazes e raparigas que por ali passam provavelmente não saberão que a espiga simbolizava o pão; as flores, os metais mais ricos; as outras ervas, saúde, força e outros aspectos positivos. O ramo deixou de estar pendurado todo o ano atrás da porta. Muitos avós até já esqueceram o antigo costume.
Algumas mulheres, contudo, continuam a comprá-lo à entrada da estação, onde os vendedores ambulantes aproveitam todas as datas para fazerem negócio. Mas a verdade é que não é a mesma coisa. Os "montes" fazem falta nos subúrbios.
Algumas mulheres, contudo, continuam a comprá-lo à entrada da estação, onde os vendedores ambulantes aproveitam todas as datas para fazerem negócio. Mas a verdade é que não é a mesma coisa. Os "montes" fazem falta nos subúrbios.
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