2010 foi um ano record quanto ao número de divórcios em Portugal. Mais uma vez, a minha experiência pessoal a enquadrar-se perfeitamente nas estatísticas. E, mesmo descontando o facto de haver menos casamentos e, portanto, menos divórcios, as dificuldades económicas serão, certamente, um obstáculo a que muitas pessoas optem por pôr fim ao casamento. Já estou a imaginar a minha mãe, após ver estas notícias, a dizer-me: - Mas porque é que a crise não chegou mais cedo?
terça-feira, 31 de julho de 2012
segunda-feira, 30 de julho de 2012
sábado, 28 de julho de 2012
Jogos poéticos
Comprei-o o mês passado. Nem a propósito. Este pequeno livro, de José Ricardo Nunes, tem como título "Versos Olímpicos". Teriam sido inspirados pelos últimos jogos olímpicos, em 2008. Depois de assistir a parte da cerimónia de hoje lembrei-me logo deste poema que aqui deixo.
Cerimónia de Abertura
Entram no estádio e desfilam
as delegações: uma bandeira
por país, um capitão
a comandar os implicados
no crescimento do comércio global.
Os desportistas sorriem, acenam,
cumprem à risca o seu papel de figurantes.
Digo-lhe que não sei parar as imagens.
Reina a paz e a concórdia.
Mesmo os que vieram apenas para competir,
perder, sonham com o milagre
que lhes turva os olhos de glória. E eu,
sentado neste sofá suburbano
que treme à passagem do comboio,
acredito no que lhe digo.
Lembra o comentador, algo comovido
pelas últimas notícias, que na Grécia
faziam tréguas durante os Jogos.
Alguém é dono da verdade? Resta-nos
o poder de mudar livremente de canal
ao sabor dos nossos humores tão variáveis.
Estou sempre a dizer isto à Jacinta.
in José Ricardo Nunes, Versos Olímpicos, Deriva Editores, 2009, p. 5
sexta-feira, 27 de julho de 2012
quinta-feira, 26 de julho de 2012
E, no entanto, estudar valerá sempre a pena!
No dia em que comuniquei aos meus
pais que me iria candidatar ao curso de Sociologia na universidade, eles
torceram um pouco o nariz. Achavam que era uma ciência "exótica" e,
mais que isso, temiam a forma como se faria a minha inserção no mercado
profissional. Direito, por exemplo, seria, para eles, uma escolha mais segura.
Mas sabiam que tudo o que dissessem não me faria mudar de opinião, eu que tanto
tinha hesitado (mas sempre à volta de áreas como a Filosofia e a História). E
por isso não me disseram muito. A vontade de que a sua única filha tirasse um
curso superior era tão grande que, desde sempre, outra alternativa não se
colocou. Neste caso foi o juntar de duas vontades pois a situação de estudante
era a única que eu via para mim na altura. Após o curso tudo correu bem.
Vivia-se em tempo de vacas gordas, com os fundos europeus a disponibilizarem
verbas para formações pós licenciaturas e com o mercado de trabalho a absorver
com facilidade quem saía das universidades. Tive várias oportunidades de emprego.
A minha veia mais sonhadora e menos economicista levou-me a optar, não pelas
que me dariam mais dinheiro mas pela que, achava eu, me permitiria trabalhar no
desenvolvimento de projectos em que acreditava.
Ao longo do tempo, muitas dúvidas
me assaltaram e muitas vezes questionei as minhas escolhas.
Actualmente, na equação a ter em
conta na altura da tomada de decisões acerca do futuro, as incógnitas são
tantas que a resolução é muito mais difícil. E penso nos pais que durante tanto
tempo defenderam os estudos superiores como forma de os filhos terem uma vida
profissional mais estável e financeiramente mais compensadora.
Continuo a achar que não devem
ser as retribuições financeiras esperadas a presidir às escolhas de futuro. Mas
para quem não tem a mesma opinião ou que, mesmo tendo, entende que a
retribuição deverá ser proporcional ao esforço, que confusão a situação que
notícias como esta retratam. Claro que não é só de agora que os bons
profissionais se fazem pagar bem, seja em que área for. E ainda bem que assim
é. Sabemos também que as leis do mercado obrigam a uma valorização do trabalho
que tem mais procura por parte dos empregadores e, ao contrário, desvalorizam
aquele que se encontra em excesso. E também é óbvio que se trata de anúncios no
portal do Instituto de Emprego e Formação Profissional, não permitindo qualquer
generalização. Mas só o facto de terem sido publicados é mais um indicador de
uma realidade que quem planeia e tem responsabilidades nas áreas da educação e
do emprego não poderá deixar de ter em conta. E, já agora, todos nós.
Mas tudo isto não poderá pôr em causa a importância do estudo e servir de argumento para os que consideram que a educação está do lado da despesa e que, portanto, os investimentos aí feitos poderão ser mais leves. É que os efeitos perversos destas ideias poderão tornar-se muito perigosos.
quarta-feira, 25 de julho de 2012
terça-feira, 24 de julho de 2012
Aprender a ler no corpo
A morte de Helena Cidade Moura e
a importância que o seu trabalho na área da alfabetização teve faz-nos pensar
que, apesar dos esforços de muitos e das melhorias alcançadas, muito ficou por
fazer. É uma tragédia que ainda hoje existam adultos que não sabem ler nem
escrever mas é ainda pior que existam crianças e adolescentes que, mesmo com a
escolaridade obrigatória implantada há tantos anos, estão longe de conseguir
articular uma ideia ou interpretar um texto...
Mas o que me levou a escrever
sobre esta questão foi o facto de ter conhecido algumas pessoas que se
dedicaram a esta nobre tarefa que, apesar de constituir uma preocupação já
antes de Abril de 74, foi depois desenvolvida com outros pressupostos. Estas
campanhas de alfabetização mudaram a vida a muita gente. Lembro-me de uma amiga
me contar que o trabalho ia muito para lá do ensino das letras. Um dos
objectivos passava por um mínimo de auto-conhecimento, inclusive físico. Não
esqueci o que me disse relativamente a muitas mulheres que não tinham apenas
vergonha de mostrar o seu corpo a outras pessoas, mesmo que se tratasse do
próprio marido. Elas nunca se tinham visto inteiramente nuas num espelho e esse
era um trabalho para casa, simples mas complexo e cheio de significado. A
alfabetização era a mudança e Helena Cidade Moura e tantos outros sabiam-no.
quarta-feira, 18 de julho de 2012
terça-feira, 17 de julho de 2012
segunda-feira, 16 de julho de 2012
A minha amiga Sofia
Esta situação da licenciatura do
Ministro Miguel Relvas (ou deverei dizer, depois do comentário do Professor
Marcelo, com direito a avanço de nomes alternativos, ex-ministro) que,
necessariamente, envergonhará o próprio, os que lhe estão próximos, a Universidade
que, de forma tão displicente, lhe atribuiu um diploma, e que constrange todos
nós; faz-me pensar na minha amiga Sofia. Há já alguns anos, a Sofia, seguidora
dos meandros da política que por cá se faz, dizia que ela seria das poucas
pessoas capazes de concorrer a um cargo político com o curriculum limpo de
falcatruas, de fuga a impostos, de cunhas, e outras coisas que são nódoas
difíceis de tirar, mesmo que só os próprios as identifiquem. Como eu a conheço
sei que ela tem razão.
Um homem da política que
aproveita o facto da entrada em vigor, havia pouco tempo, de uma legislação que
ainda poucos dominavam, para obter uma licenciatura já antes tentada, sem
pensar que, no futuro, essa situação lhe poderia ser fatalmente prejudicial, não
deveria nunca ter sido licenciado em Ciência Política e Relações
Internacionais. Se houvesse no curriculum do curso uma cadeira de
"ingenuidade política", aí sim, poderia ter um 20. E os doutos
professores da Universidade Lusófona que analisaram os seus pergaminhos
deveriam ter também percebido isso. Se não foram capazes de ver para lá de
contas de créditos e equivalências é porque eles próprios conhecem muito pouco
sobre a teoria política e ainda menos sobre a realidade política o que os
deixa, no mínimo, deslocados nos cargos que ocupavam. Claro que, nesta análise,
não entro em linha de conta com outros factores que, menos claros, poderiam
estar em jogo.
É por estas e por outras que
quando penso em políticos em quem se pode confiar, me lembro da minha amiga
Sofia. E talvez seja por ser como é, sem telhados de vidro, que ela não está na
política.
Nota:
Esta semana estarei de férias. Qualquer assunto vai mesmo ter que esperar. O computador vai ficar em casa.
domingo, 15 de julho de 2012
Cartoons e mais cartoons
Até final do mês no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, podem visitar o World Press Cartoon 2012. Vão com tempo pois há muito para ver.
Imagem, de Rafael Carrasco, aqui
sábado, 14 de julho de 2012
Reutilizar
Ainda esta semana falava com uns colegas sobre as cabines telefónicas que quase já não são utilizadas. Esta parece ser uma hipótese interessante.
sexta-feira, 13 de julho de 2012
Uma das razões/poemas porque gosto de Nuno Costa Santos
Perdoa-me
Perdoa-me esta tristeza
de súbito revelada
(já passa
como passam as nuvens
e as notícias em rodapé).
este ar de passarão triste
estes olhos de boga
este contrato a termo incerto com o pensamento.
Não é nada
sou só eu
de vez em quando.
in Nuno Costa Santos, às vezes é um insecto que faz disparar o alarme, Companhia das ilhas, 2012, p. 32
Perdoa-me esta tristeza
de súbito revelada
(já passa
como passam as nuvens
e as notícias em rodapé).
este ar de passarão triste
estes olhos de boga
este contrato a termo incerto com o pensamento.
Não é nada
sou só eu
de vez em quando.
in Nuno Costa Santos, às vezes é um insecto que faz disparar o alarme, Companhia das ilhas, 2012, p. 32
segunda-feira, 9 de julho de 2012
Partir ou ficar
Provavelmente muitos de nós
gostaríamos de o ter feito. Meter numa mala o que nos parecia essencial e fugir
de casa com o nosso amor de adolescente. Não pensando nas consequências, como
se nada mais interessasse. Lutar contra tudo e contra todos acreditando que
todos os obstáculos são ultrapassáveis quando, ao nosso lado, está alguém que
também deixou tudo para trás para nos dar a mão e saltar por cima deles.
Foi isso que fizeram Sam e Suzy.
Mas fizeram mais. Provaram com o seu acto, aparentemente irreflectido, a sua
maturidade face a um grupo de adultos que, cada um à sua maneira, ficou preso
numa condição de passividade, perante uma vida que há muito os engoliu e da
qual não conseguem sair. A natureza, tal como a vida, é dura e as tempestades
hão-de sempre acontecer. A verdade é que nem todos lhes conseguem sobreviver.
Poder dar a mão a alguém ajuda. E ter uns binóculos para ver as coisas mais
perto, também.
quinta-feira, 5 de julho de 2012
Conversa animada
A mesa, à porta da "velha Tendinha" está mesmo junto ao Arco do Bandeira. Ao passar entrevemos a entrada do Animatógrafo. A mesa está ocupada. São sete as freiras que conversam animadamente. Em pé, uma mulher sem hábito tira-lhes uma fotografia.
terça-feira, 3 de julho de 2012
segunda-feira, 2 de julho de 2012
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