segunda-feira, 16 de julho de 2012

A minha amiga Sofia

Esta situação da licenciatura do Ministro Miguel Relvas (ou deverei dizer, depois do comentário do Professor Marcelo, com direito a avanço de nomes alternativos, ex-ministro) que, necessariamente, envergonhará o próprio, os que lhe estão próximos, a Universidade que, de forma tão displicente, lhe atribuiu um diploma, e que constrange todos nós; faz-me pensar na minha amiga Sofia. Há já alguns anos, a Sofia, seguidora dos meandros da política que por cá se faz, dizia que ela seria das poucas pessoas capazes de concorrer a um cargo político com o curriculum limpo de falcatruas, de fuga a impostos, de cunhas, e outras coisas que são nódoas difíceis de tirar, mesmo que só os próprios as identifiquem. Como eu a conheço sei que ela tem razão.
Um homem da política que aproveita o facto da entrada em vigor, havia pouco tempo, de uma legislação que ainda poucos dominavam, para obter uma licenciatura já antes tentada, sem pensar que, no futuro, essa situação lhe poderia ser fatalmente prejudicial, não deveria nunca ter sido licenciado em Ciência Política e Relações Internacionais. Se houvesse no curriculum do curso uma cadeira de "ingenuidade política", aí sim, poderia ter um 20. E os doutos professores da Universidade Lusófona que analisaram os seus pergaminhos deveriam ter também percebido isso. Se não foram capazes de ver para lá de contas de créditos e equivalências é porque eles próprios conhecem muito pouco sobre a teoria política e ainda menos sobre a realidade política o que os deixa, no mínimo, deslocados nos cargos que ocupavam. Claro que, nesta análise, não entro em linha de conta com outros factores que, menos claros, poderiam estar em jogo.
É por estas e por outras que quando penso em políticos em quem se pode confiar, me lembro da minha amiga Sofia. E talvez seja por ser como é, sem telhados de vidro, que ela não está na política.

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