Esta situação da licenciatura do
Ministro Miguel Relvas (ou deverei dizer, depois do comentário do Professor
Marcelo, com direito a avanço de nomes alternativos, ex-ministro) que,
necessariamente, envergonhará o próprio, os que lhe estão próximos, a Universidade
que, de forma tão displicente, lhe atribuiu um diploma, e que constrange todos
nós; faz-me pensar na minha amiga Sofia. Há já alguns anos, a Sofia, seguidora
dos meandros da política que por cá se faz, dizia que ela seria das poucas
pessoas capazes de concorrer a um cargo político com o curriculum limpo de
falcatruas, de fuga a impostos, de cunhas, e outras coisas que são nódoas
difíceis de tirar, mesmo que só os próprios as identifiquem. Como eu a conheço
sei que ela tem razão.
Um homem da política que
aproveita o facto da entrada em vigor, havia pouco tempo, de uma legislação que
ainda poucos dominavam, para obter uma licenciatura já antes tentada, sem
pensar que, no futuro, essa situação lhe poderia ser fatalmente prejudicial, não
deveria nunca ter sido licenciado em Ciência Política e Relações
Internacionais. Se houvesse no curriculum do curso uma cadeira de
"ingenuidade política", aí sim, poderia ter um 20. E os doutos
professores da Universidade Lusófona que analisaram os seus pergaminhos
deveriam ter também percebido isso. Se não foram capazes de ver para lá de
contas de créditos e equivalências é porque eles próprios conhecem muito pouco
sobre a teoria política e ainda menos sobre a realidade política o que os
deixa, no mínimo, deslocados nos cargos que ocupavam. Claro que, nesta análise,
não entro em linha de conta com outros factores que, menos claros, poderiam
estar em jogo.
É por estas e por outras que
quando penso em políticos em quem se pode confiar, me lembro da minha amiga
Sofia. E talvez seja por ser como é, sem telhados de vidro, que ela não está na
política.
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