quinta-feira, 12 de maio de 2011

Uma das razões/poemas porque gosto de Fiama Hasse Pais Brandão

Vento

Ouvir o vento separar o corpo
da sombra. Separar a face da face.
O silêncio do vento que empalidece

o riso. Desencontra. Fecha as pálpe-
bras sobre o olhar. Um sem os outros.
Nada sem o todo no uno. O vento

que me horroriza como um sonho. Senti-lo
a vergar o submisso e a submissão
a sufocar no ansioso a ansia inseparável.

                                                            Lisboa, 1978 - Natureza Paralela

in Fiama Hasse Pais Brandão, Obra Breve, Lisboa, Assírio & Alvim, 2006, p. 269

4 comentários:

  1. Adoro Fiama.
    Mas neste poema,
    ela ignora uma outra
    qualidade, pelo menos
    dos ventos alíseos: pela
    sua constância e imutável
    direcção são uma presença
    fiel no meio da solidão! :)

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  2. Foi a partir do teu Blog Experimental que a conheci melhor. :)

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