terça-feira, 5 de outubro de 2010

Levantem o “Embargo”

Eu e outra pessoa éramos os únicos espectadores na noite de 6.ª feira numa das salas de cinema de um centro comercial dos arredores de Lisboa. O filme era “Embargo”, de António Ferreira.
Corajoso este realizador que faz um filme baseado num conto de José Saramago onde impera o absurdo: um homem que, querendo mudar a sua vida e tendo finalmente uma arma para o fazer se vê preso, literalmente preso, ao seu automóvel, que o impede de alcançar um outro patamar na escala social. Apesar de incompreendido pelos outros personagens, ele não deixa de tentar.
Entendo este filme como uma alegoria. Querendo entrar na dinâmica do mercado capitalista, através da sua própria iniciativa, é o automóvel, um símbolo desse próprio mercado, que se constitui como o seu primeiro inimigo, criando um obstáculo intransponível.
Os locais escolhidos num qualquer subúrbio não identificável, o tempo que podia ser qualquer um, reforçam essa ideia de alegoria.
A interpretação de Filipe Costa é muito boa. A banda sonora também.
Pode não ser um grande filme. Mas merece ser visto. Está por aí nas salas.

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