Eu sei que fez parte da estratégia dirigida para dentro e fora do partido mostrar a nova líder como uma mulher de família (grande e unida) que, ao mesmo tempo, que comanda a estratégia do CDS, também é uma filha, irmã, mulher e mãe extremosa. Os inúmeros abraços, beijos, (e perguntas que os jornalistas fizeram questão de fazer) aos que lhe são mais próximos, quiseram demonstrar isso mesmo. O contraste com a reserva, a esse nível, do anterior líder é imenso.
Claro que tornar visível o lado familiar de um político não é nada de inédito, mesmo em Portugal. Mas, pelo menos de forma tão clara, não me lembro de tal coisa ter acontecido. Nomes, idades, anos de escolaridade frequentados, etc, dos filhos e sobrinhos, percursos de vida dos pais, a história pessoal com o seu marido, tudo foi apresentado (pelo menos no canal que vi). Os repórteres estavam muito contentes...
Não pude deixar de pensar que, nesta tentativa de aproximação ao possível eleitorado, se é legítimo considerar que se poderá beneficiar de alguma empatia, esperando que os portugueses que vêem as imagens se identifiquem com aquela felicidade familiar ou aspirem a ela; isso só é capitalizável assumindo que é essa a imagem da família que ainda é preponderante na sociedade portuguesa. Ora todos os estudos indicam que aquela família que vimos ontem, com a sua dimensão e harmonia, com todos a comungarem dos mesmos ideais é cada vez mais rara. E não estou a questionar se é melhor ou pior que a minha ou outra qualquer. Sabemos que Assunção Cristas tem até posições políticas sobre a família que não são as tradicionais no seu partido. Mas a presença no fim de semana, em peso, da sua, apresentando-se de certo modo como o cânone da família conservadora, foi o elemento mais "centrista" de todo o congresso.
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